A China, sob a liderança de Xi Jinping, intensificou seu controle sobre os servidores públicos, com autoridades exigindo a retenção de passaportes de professores e outros funcionários do setor público. Essa política, conhecida como “gestão de viagens pessoais ao exterior”, tem como objetivo monitorar estritamente quem pode viajar para o exterior, com que frequência e para onde. Esta movimentação faz parte de uma campanha maior contra a corrupção e espionagem estrangeira, reafirmando o envolvimento do Estado na vida pessoal dos cidadãos.
Nas últimas semanas, foi registrado um aumento significativo na aplicação dessas restrições, afetando funcionários de escolas, universidades e governos locais. Este fenômeno tem sido amplamente documentado por meio de entrevistas e notificações emitidas por secretarias de educação em várias cidades chinesas. A pressão para entregar documentos de viagem é sentida fortemente em regiões como Sichuan, Hubei e Anhui, afetando a vida pessoal e profissional de muitos trabalhadores.
Qual o impacto das restrições nas viagens dos professores?
Os professores representam um grupo significativo dentro do setor público que tem enfrentado dificuldades devido a essas restrições. Um exemplo disso é o caso de educadores em cidades de Sichuan, que estão sendo obrigados a entregar passaportes, tornando viagens internacionais uma tarefa quase impossível. Relatos indicam que, para viajar, é necessário obter permissão das autoridades locais, o que raramente é aprovado.
As restrições representam um golpe para muitos educadores de inglês que sonham em visitar países falantes da língua, impactando não apenas seus planos pessoais, mas também suas carreiras profissionais e desenvolvimento pessoal. As redes sociais têm sido palco para desabafos e frustrações sobre essa política intrusiva.
Por que a China intensificou o controle sobre as viagens?
A intensificação das restrições de viagem na China é resultado de medidas governamentais para reforçar o controle sobre a sociedade e prevenir a corrupção. Desde 2003, existem regulamentos em vigor para controlar viagens de funcionarios publicos, permitindo que governos locais estabeleçam suas próprias regras. Estas restrições, no entanto, tornaram-se mais abrangentes e severas desde o fim da pandemia de Covid-19.
- Repressão à corrupção: Limitar as viagens de funcionários públicos busca reduzir riscos de corrupção no exterior.
- Prevenção da espionagem: A campanha também mira a diminuição de interações internacionais que possam ameaçar a segurança nacional.
- Controle social: A medida é um reflexo do desejo do governo chinês de manter um controle apertado sobre seus cidadãos.
Como as restrições impactam outras profissões no setor público?
Além dos professores, outras categorias do setor público, como funcionários de governos locais e grupos estatais, também sofrem com as novas normas de viagem. Estas medidas dificultam a realização de missões internacionais e o intercâmbio de experiências que são cruciais para o desenvolvimento institucional e pessoal.
A retenção de passaportes impõe uma barreira para o desenvolvimento profissional de trabalhadores que, sem a possibilidade de participar de eventos e treinamentos internacionais, têm menos oportunidades de crescimento em suas respectivas áreas.
O que o futuro reserva para os servidores públicos sob novas regras de viagem?
No contexto atual, a expectativa é que essas restrições continuem em vigor e até se intensifiquem, à medida que o governo mantém sua campanha de controle social. Isso pode ter efeitos duradouros no desenvolvimento de políticas educacionais e no bem-estar dos trabalhadores afetados. As esperanças de modificação dessas políticas permanecem limitadas, a menos que haja mudanças significativas no cenário político interno.
Enquanto isso, professores e outros funcionários do setor público devem se adaptar a esta nova realidade, buscando alternativas locais para suprir a falta das oportunidades internacionais. O relato de uma professora de Henan, que se viu impedida de seguir um sonho de intercâmbio, destaca a frustração e a sensação de impotência diante dessas novas normas, que refletem a crescente influência governamental na vida pessoal dos cidadãos chineses.