VIOLÊNCIA

Cidade mais violenta da Argentina amanhece paralisada; Entenda

A paralisação foi um protesto, organizado em repulsa à onda de violência que vem acometendo a cidade; Rosário tem, atualmente, a maior taxa de homicídios do país

A paralisação foi um protesto, organizado em repulsa à onda de violência que vem acometendo Rosário, cidade argentina.
Imagem de presos divulgadas pelo Secretário de Segurança Estadual – Créditos: Reprodução/ Twitter

Na manhã desta segunda-feira (11), a cidade de Rosário, na Argentina, acordou com uma boa parte de seus serviços paralisados. A paralisação foi um protesto, organizado em repulsa à onda de violência que vem acometendo a cidade. Rosário tem, atualmente, a maior taxa de homicídios do país.

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Trabalhadores de diversas áreas decidiram congelar seus serviços: assim, cancelaram as aulas, comerciantes não abriram suas lojas, não houve circulação de transportes públicos, a coleta de lixo foi limitada e taxistas evitaram trabalhar no período noturno.

A situação de violência tem incomodado os moradores, provocando forte reação. Na noite de domingo (10), foi possível ouvir um ‘panelaço’ para trazer atenção à indignação e  o medo da violência  que a população está sentindo.

Onda de violência

No dia 2 de março, na cidade que fica a três horas de Buenos Aires, aconteceu um ataque a um caminhão que transportava pessoas presas. Esse episódio deu início a uma ‘semana sangrenta‘, ou uma nova onda de violência.

Grupos criminosos, em pouco mais de uma semana, mataram dois taxistas, um motorista de ônibus e um frentista – todos de forma brutal. Estes crimes, portanto, são considerados mais sofisticados que os que acontecem, geralmente, na região.

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Em resposta, a ministra da Segurança Pública, Patricia Bullrich, solicitou ação das Forças Armadas e criou um comitê de crise junto ao governador da província de Santa Fé, onde Rosário se localiza, Maximiliano Pullaro.

Os criminosos estão sendo categorizados, em nível estadual e federal, como ‘terroristas urbanos’.  “O que está acontecendo em Rosário é uma vingança pelo que estamos fazendo nas prisões“, disse Bullrich sobre a violência.

Medidas governamentais em Rosário

Desta forma, quando a ministra fala das ações que o governo vem implementando nas prisões, ela se refere ao “Plano Bandeira“, divulgado em dezembro de 2023 pelo governo.

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O Plano, basicamente, envolveu colocar as Forças Armadas nas ruas da cidade. Assim, o pretexto seria conter a criminalidade.

Já o governo local de Pullaro transferiu cerca de 1.200 pessoas de delegacias para prisões. Inicialmente, remanejou detentos classificados como mais perigosos para prisões de maior segurança e restringiu suas visitas.

Medidas do Governo contra o crime

No geral, o governo trava embate contra os grupos criminosos que dominam o território da cidade e disputam pelo controle do tráfico de drogas local, aumentando consideravelmente o número de mortes na cidade. A taxa chegou a 22 mortes por 100 mil habitantes, em comparação à taxa do resto do país, de 4,2 por 100 mil.

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Assim, na terça-feira passada (4), secretário de Segurança de Santa Fé, Pablo Cococcioni, afirmou que não voltará atrás com as medidas implementadas. “Não vamos negociar com as máfias, não vamos retroceder nas medidas que estamos adotando“.

Imagem que viralizou

Ele também divulgou imagens que mostram presos sem camisa, sentados no chão e cercados de agentes policiais que portavam grandes armas. Estas imagens, portanto, viralizaram e foram relacionadas com Nayib Bukele. Ele é o presidente do El Salvador, que implementou medidas drásticas e repressivas para diminuir o índice de criminalidade no país.

A  ministra Bullrich, inclusive, já elogiou o presidente e disse que quer implementar medidas parecidas em seu país. A Argentina é um país que sofre crimes diferentes de El Salvador, e, desta forma, especialistas afirmam que a medida não seria benéfica.

Em El Salvador, quando falamos em gangues, falamos em duas ou três organizações que tinham o controle de quase todo o território e disputavam entre si. No caso da Argentina, são muitos grupos diferentes, que operam a nível local“, disse José Miguel Cruz, diretor de pesquisas do centro latino-americano da Universidade Internacional da Flórida em entrevista à Folha de São Paulo.

O Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS), organização de direitos humanos argentina, por fim, descreveu as imagens divulgadas e o cenário pintado como “espetáculo de humilhação“. Em suma, afirmou que medidas como estas não garantem maior segurança aos moradores. “A política de endurecimento aplicada é na prática a ampliação do poder do serviço penitenciário, parte fundamental das redes de ilegalidade”, disse o CELS.

 * Sob supervisão de Lilian Coelho

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