
Os Estados Unidos fizeram uma resolução ao Conselho de Segurança das Nações Unidas apelando por um cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza “assim que possível”. Além disso, o país também se opôs a investida militar israelense na cidade de Rafah. Ainda, o esboço destaca a necessidade do Conselho de Segurança apoiar um cessar-fogo temporário rapidamente, com base na premissa da libertação dos reféns.
“O Conselho de Segurança deveria sublinhar que uma ofensiva terrestre tão grande não deveria prosseguir, nas atuais circunstâncias”, diz o projeto. Os Estados Unidos salientam que tal ofensiva levaria a morte de muitos civis e agravaria significativamente a crise humanitária em Gaza, que a ONU já alertou estar à beira da fome.
Mudança no posicionamento dos EUA
James Bays, da Al Jazeera, entende que essa resolução ao Conselho de Segurança feita por Washington demonstra uma mudança relevante em relação à linguagem adotada. “Pela primeira vez, os EUA propõem a palavra cessar-fogo. … Isso é significativo porque Israel não queria a palavra cessar-fogo em nenhuma resolução, e agora são os EUA que a propõem”, apontou.
Vale ressaltar que desde 7 de outubro, os Estados Unidos têm buscado defender seu aliado Israel das ações da ONU, exercendo veto duas vezes sobre resoluções do Conselho de Segurança. No entanto, também se abstiveram outras duas vezes, o que permitiu a aprovação de resoluções destinadas a aumentar o fornecimento de ajuda humanitária a Gaza e a solicitar pausas urgentes.
Ainda que Bays avalie que os EUA adotaram uma postura mais dura com Israel, a Rússia pode não aceitar a resolução. “O projeto dos EUA levanta agora a ideia de um cessar-fogo, mas não diz que deva haver um cessar-fogo imediatamente,…. então isso pode não ser aceitável para os russos”, ponderou. Vale ressaltar que também não está claro se ou quando essa resolução ao Conselho de Segurança será votada.
Outras resoluções
Há mais de duas semanas, a Argélia, atual representante árabe no Conselho de Segurança, propôs um projeto de resolução. Em resumo, ele buscava estabelecer um cessar-fogo humanitário imediato no conflito entre Israel e o Hamas.
Esse projeto argelino estava programado para ser votado na terça-feira. No entanto, a embaixadora norte-americana, Linda Thomas-Greenfield, já havia indicado anteriormente que os Estados Unidos vetariam a resolução. Nesse sentido, ela citou preocupações sobre possíveis impactos nas negociações em andamento ligadas aos prisioneiros capturados pelo Hamas e outros grupos armados de Israel levados para Gaza em 7 de outubro.
“O que o Direito Internacional significa para as crianças palestinas em Gaza hoje? Somos um povo orgulhoso e resiliente que já suportou mais do que a nossa cota de agonia”
O momento que o Embaixador da Palestina na ONU vai às lágrimas na audiência na Corte Internacional de… pic.twitter.com/p3IsgbWfya
— FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) February 19, 2024
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini