ORIGENS

Geopolítica, religião e disputa: Como começou o conflito entre a Palestina e Israel

A atual guerra na região iniciou em 7 de outubro, mas as tensões já se prolongam há décadas

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(Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons)

No último sábado, 7 de outubro, iniciou-se no Oriente Médio uma inesperada guerra, mas cujas tensões entre as partes já se prolongam há décadas: uma guerra entre Israel e Palestina. Tudo começou após o ataque a mísseis ao território israelense, bem como sequestro de civis por parte do movimento islamista palestino de orientação sunita, o Hamas.

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Quando se menciona a “Faixa de Gaza”, muitos relacionam ao Oriente Médio e a uma região assolada por conflitos de maneira quase permanente. E, de fato, a região não vive plena paz há anos. Assim, entenda como se deu o conflito histórico envolvendo a Palestina e Israel:

Militantes palestinos em investida contra Israel
Militantes palestinos em investida contra Israel / Crédito: Getty Images

Antissemitismo do século 20

Como já mencionado, a história por trás das brigas entre Israel e Palestina é antiga e longa. Primeiro, é preciso compreender que um fator bastante impactante para explicar o imbroglio, é a religião. Segundo a BBC, a região da Palestina é considerada sagrada para os muçulmanos, para os judeus e também para os católicos, sendo o berço de ambas as crenças.

No entanto, no início do século 20 também foi possível notar, na maioria da Europa, uma crescente onda de antissemitismo — preconceito contra judeus, o que inclusive culminaria no Holocausto nazista em meio à Segunda Guerra Mundial.

Inúmeros países não queriam receber judeus em seus territórios. Com isso, o chamado movimento sionista (que defendia a “restauração de um Estado judeu independente”) ganhou força.

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Mulheres judias no campo de concentração de Auschwitz
Mulheres judias no campo de concentração de Auschwitz / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Nessa época, a região da Palestina pertencia ao extinto Império Otomano, e era ocupada principalmente por árabes e outras comunidades muçulmanas. Porém, como no restante da Europa, a migração judaica começou a gerar incômodo.

Enquanto os otomanos queriam ocupar o território da Palestina, judeus acreditavam que o local os pertencia por direito, visto que é o berço da religião deles.

Ao fim da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), o Império Otomano foi desintegrado. Assim, o Reino Unido recebeu um mandato da Liga das Nações para administrar o território da Palestina. No entanto, antes e durante a guerra, os britânicos já haviam feito diversas promessas para os árabes e os judeus, e a maioria nunca foi cumprida, o que levou a um aumento na tensão entre esses povos.

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Um Estado judeu

Certamente, o momento mais tenso da história do judaísmo se deu durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), quando ocorreu o Holocausto, que levou à morte mais de seis milhões de judeus. Com o fim do conflito, porém, aumentou a pressão internacional para se estabelecer um Estado judeu.

Assim, o território onde hoje se encontram Israel e Palestina foi planejado para ser dividido entre essas duas nações — os palestinos, por sua vez, consideravam apenas que estavam perdendo território.

Em 14 de maio de 1948, Israel foi finalmente fundado, o que provocou a primeira guerra árabe-israelense, quando Egito, Jordânia, Síria e Iraque invadiram o território recém-formado.

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Desde então, o território estabelecido a princípio para ser um Estado Árabe teve sua área reduzida pela metade e, em meio às catástrofes, os palestinos começaram a fugir para países vizinhos; paralelamente, a região seguia disputada por árabes e judeus.

Em 1956, o Canal de Suez — uma importante via navegável entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho — sofreria com uma nova crise, sendo disputado mais uma vez por Israel e pelo Egito, o que só teria uma conclusão anos depois, em 1967, após a Guerra dos Seis Dias.

Nesse conflito, Israel (com ajuda militar dos Estados Unidos) teve uma vitória contra toda uma coalizão árabe, e ainda conseguiu ocupar a Faixa de Gaza, a Península do Sinai do Egito e a Cisjordânia, onde está Jerusalém Oriental, a cidade sagrada para as três maiores religiões monoteístas do mundo.

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Os conflitos não acabariam por aí: em 1973, ocorreu ainda a chamada Guerra do Yom Kippur, na qual o Egito e a Síria, liderando mais uma coalizão árabe, conseguiram recuperar o Sinai. Porém, a Faixa de Gaza permaneceu sob domínio israelense até 2005, quando a região voltou a pertencer aos palestinos.

Território da Palestina (em verde)
Território da Palestina (em verde) / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Nação dividida em dois

Com a nova organização geográfica, no entanto, o território da Palestina acabou dividido em duas partes, sendo a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, com o Estado de Israel no meio. Essa separação, por sua vez, levou ao surgimento de duas novas organizações.

A Faixa de Gaza passou a ser controlada pelo Hamas, um grupo islâmico de orientação sunita (e que nunca reconheceu os acordos feitos entre outras facções palestinas e Israel), e a Cisjordânia pela Autoridade Nacional Palestina, cuja principal facção, a Fatah, é secular, e não islâmica.

Em 1993, a Organização para a Libertação da Palestina — formada pela Fatah, liderada por Yasser Arafat — e Israel assinaram um acordo de paz em Oslo onde os palestinos renunciaram à “violência e terrorismo”, e reconheceram a “lei” de Israel “para existir em paz e segurança”. O Hamas, porém, mais uma vez não aceitou esse reconhecimento.

Ex-Primeiro Ministro de Israel, Yitzhak Rabin, o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e o ex-presidente do Estado da Palestina, Yasser Arafat, em acordo de paz em Oslo / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Ambições árabes-israelenses

Hoje, se faz bastante complicada a relação entre a Palestina e Israel; ambas as nações fazem reivindicações que, por mais que acreditem estar em seus direitos, sempre levam ao desagrado de outro.

Um exemplo é: enquanto Israel pretende manter seu território e Estado próprio, a Palestina gostaria de reocupá-lo, visto que qualquer acordo significaria uma perda territorial não-aceita por eles, e sim por outras nações em contexto pós-guerra.

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