
A Universidade de Harvard enfrentará um corte de mais de US$ 2,3 bilhões em repasses e contratos públicos, após rejeitar determinações do governo dos Estados Unidos. O anúncio do congelamento foi feito nesta segunda-feira (14), dias depois de a administração de Donald Trump enviar uma carta exigindo mudanças profundas na política da instituição.
No documento, datado de sexta-feira (11), o governo norte-americano cobrou que Harvard adote critérios de seleção e contratação “baseados em mérito” e aceite uma auditoria interna com ampla participação da comunidade acadêmica — de alunos a dirigentes.
Além disso, as exigências incluíram o fim de programas voltados à diversidade, equidade e inclusão, e uma nova regra que proíbe o uso de máscaras nos campi. A medida foi interpretada como uma resposta direta aos protestos pró-Palestina realizados em 2024, os quais, segundo o governo, teriam sido motivados por “antissemitismo”.
O que está por trás da pressão do governo sobre Harvard?
O presidente interino de Harvard, Alan Garber, em uma carta assinada, classificou as exigências como inconstitucionais e declarou que a universidade não atenderá às ordens do governo, que violariam a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos.
“Nenhum governo — independentemente do partido que estiver no poder — deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir ou contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”, escreveu Garber.
Em outro trecho, reforçou: “Esses objetivos não serão alcançados por meio de imposições de poder, desvinculadas da lei, para controlar o ensino e a aprendizagem em Harvard e ditar como operamos”.
A declaração final do presidente interino ressaltou o compromisso da universidade com sua própria governança: “A tarefa de enfrentar nossas falhas, cumprir nossos compromissos e incorporar nossos valores cabe a nós, enquanto comunidade”.
Após a negativa formal da instituição, o Departamento de Educação dos EUA anunciou o congelamento imediato dos recursos, alegando que a postura de Harvard evidencia uma “mentalidade” em desacordo com as leis de direitos civis.
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