cúpula em São Petersburgo

Líderes da África pressionam Putin por plano de paz na Ucrânia

As intervenções seviram para lembrar o Kremlin da profundidade da preocupação africana com as consequências da guerra, especialmente com os preços dos alimentos

Líderes da África pressionam Putin por plano de paz na Ucrânia
O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, pediu à Rússia que volte ao acordo de grãos do Mar Negro (Crédito: Peter Muhly – WPA Pool/Getty Images)

Os líderes africanos pressionaram o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nesta sexta-feira (28), para que avançasse com seu plano de paz para acabar com a guerra na Ucrânia e renovar um acordo sobre a exportação de grãos ucranianos que Moscou abandonou na semana passada.

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Embora não tenham criticado diretamente a Rússia, as intervenções dos líderes africanos no segundo dia de uma cúpula com Putin serviram para lembrá-lo da profundidade da preocupação africana com as consequências da guerra, especialmente com os preços dos alimentos.

“A iniciativa [de paz] africana merece a maior atenção, não deve ser subestimada”, disse o presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, a Putin e a outros líderes africanos em São Petersburgo. “Mais uma vez, pedimos com urgência a restauração da paz na Europa”, disse ele por meio de um tradutor.

O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, pediu à Rússia que volte ao acordo de grãos do Mar Negro que, até Moscou se recusar a renová-lo na semana passada, permitiu que a Ucrânia exportasse grãos de seus portos marítimos apesar da guerra. Sisi, cujo país é um importante comprador de grãos pela rota do Mar Negro, disse na cúpula que era “essencial chegar a um acordo” sobre a retomada do pacto.

Putin respondeu argumentando, como fez no passado, que o aumento dos preços mundiais dos alimentos é uma consequência dos erros da política ocidental que antecederam em muito a guerra da Ucrânia.

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Ele disse que a Rússia abandonou o acordo do Mar Negro na semana passada porque não estava recebendo grãos para os países mais pobres e o Ocidente não estava cumprindo sua parte do acordo.

Desde que se retirou do acordo, a Rússia tem bombardeado repetidamente os portos e depósitos de grãos ucranianos, provocando acusações da Ucrânia e do Ocidente de que está usando alimentos como arma de guerra, e os preços globais dos grãos subiram novamente.

Putin está usando a cúpula de São Petersburgo para tentar injetar um novo ímpeto nos laços da Rússia com a África, prometendo um aumento do comércio e dos investimentos no país como parte de um esforço para combater o que ele retrata como uma ordem mundial hegemônica dominada pelos Estados Unidos.

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Na quinta-feira (27), ele prometeu entregar grãos russos gratuitos nos próximos meses a seis dos países participantes da cúpula. Nos comentários de sexta-feira, ele disse que Moscou respeita a proposta de paz africana sobre a Ucrânia e que a estava estudando cuidadosamente.

Putin recebeu o plano com frieza quando um grupo de presidentes africanos o apresentou no mês passado, respondendo com uma série de queixas contra a Ucrânia e o Ocidente.

A Rússia há muito tempo diz que está aberta a conversações, mas que elas devem levar em conta as “novas realidades” no terreno, onde controla quase um quinto do território da Ucrânia após 17 meses de guerra e reivindicou quatro regiões ucranianas como suas.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, rejeitou a ideia de um cessar-fogo imediato, que deixaria a Rússia no controle desse território e daria às forças russas tempo para se reagruparem.

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