novos ataques

Como está o comércio de grãos na Ucrânia após ataques a portos?

Exportação pelo Mar Negro está suspensa e novos bombardeios em zonas portuárias impactam escoamento

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(Crédito: Spencer Platt/Getty Images)

A Rússia realizou ataques aos portos ucranianos no rio Danúbio, o que fez aumentar a tensão local e também as incertezas do comércio de grãos na região. O bombardeio refletiu na cotação dos grãos na bolsa de Chicago com alta generalizada no fechamento do mercado na última segunda-feira (24/7).

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A exportação pelos portos de Odessa e Chernomorsk não é mais possível, eles dão acesso ao mar e fazem parte do acordo de exportação de grãos do Mar Negro. Dessa forma, a logística ficou prejudicada, com gargalos logísticos e alta nos custos de fretes internos para chegar aos portos do Danúbio, segunda principal rota de escoamento dos produtos da Ucrânia. Com os ataques desta segunda, a situação ficou ainda pior.

“Ficou pior. Até agora não sabíamos se os portos do Danúbio eram alvos militares. Agora descobrimos”, afirmou à reportagem da Globo Rural, Filipe Pohlmann Gonzaga, sócio da Bryce S.A., empresa que realiza embarques de grãos da Ucrânia para países da Europa, como Itália, Grécia e Espanha.

A função do brasileiro é pela origem e logística internas de cargas de milho e trigo, com empresas ucranianas e grupos de fazendeiros locais. Neste ano, a empresa já embarcou 200 mil toneladas com destino à Europa. Um barco dele foi carregado recentemente no porto de Reni, atacado pelos russos nesta segunda-feira.

Segundo Pohlmann, outro navio, com três mil toneladas de milho com destino à Grécia, está em Izmail, outro porto do Danúbio, na fronteira com a Romênia. O local também foi alvejado pela Rússia, mas a artilharia antiaérea ucraniana conseguiu conter os ataques. A saída da Rússia do acordo de exportação de grãos gerou um gargalo logístico interno e uma disparada nos custos de fretes.

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“O fluxo aumentou muito e a estrada é pequena. Existe ainda um gargalo logístico de barcos que podem subir o Danúbio, pois o verão faz com que a água do rio tenha nível mais baixo e fica mais difícil de passar os barcos”, disse. “Além disso, os caminhões só podem viajar à noite. Há ainda os checkpoints militares, que fazem a viagem ficar mais devagar. E não existem muitos motoristas, pois a mesma pessoa que dirige um caminhão também pilota tanque de guerra”, contou.

O cenário anterior aos ataques aos portos do Danúbio já era de inflação nas operações de exportação. “O frete rodoviário interno subiu 10 dólares por tonelada antes de tudo isso. Recentemente, o frete marítimo subiu de 10 a 15 dólares por tonelada”, disse.

Os exportadores também sentem na pele a disparada nos preços dos grãos. “Um barco de milho que vendi para a Itália foi negociado a US$ 240 por tonelada. Agora já se fala em US$ 260 por tonelada e não consigo fixar. Não encontro barco nem gente para vender a mercadoria”, afirmou.

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A situação deixa o mercado parado diante de tantas incertezas. “Não escutei sobre negócios feitos nos últimos dias, ninguém está fixando barco para frente”, relatou. “Mudou tudo. Estava negociando outros barcos de milho e não dá. Tudo aumenta rápido, de repente toda dinâmica muda”, disse Pohlmann sobre o comércio de grãos nos portos da Ucrânia.

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