
O presidente Lula decidiu não ir à posse de Javier Milei na Argentina e optou por enviar apenas o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, como seu representante durante evento neste domingo (10), em Buenos Aires. A decisão marca, em quatro décadas, que o Brasil não será representado por seu presidente ou por seu vice.
Essa é uma decisão inédita depois da redemocratização dos dois países. A última vez que um presidente brasileiro ou seu vice não esteve em Buenos Aires para celebrar o início do governo novo do país vizinho ocorreu na posse de Raul Alfonsín, em 1983.
Lula avaliou que não haveria clima para ele próprio comparecer à posse, depois de ser xingado por Milei durante a campanha — o argentino chegou a chamar o petista de “corrupto” e “comunista”.
Chanceleres também representam deferência, embora menos que os dois primeiros membros da linha sucessória de um país. Quando não costuma haver grande proximidade entre os governos, costuma-se designar o embaixador do país para acompanhara as cerimônias. Essa situação chegou a ser cogitada por alguns auxiliares de Lula.
Já eleito, Milei mudou de postura e passou a fazer gestos em direção ao presidente brasileiro. O mais contundente deles foi enviar uma carta convidando Lula para a posse e falando em “construção de laços” entre os dois.
O chefe do Palácio do Planalto, porém, foi aconselhado a não comparecer à posse mesmo assim. O petista chegou a cogitar enviar o vice-presidente Geraldo Alckmin como seu representante, mas descartou a hipótese posteriormente.
Bolsonaristas na posse
Sem Lula, a posse de Milei está recheada de nomes da direita brasileira. Entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro e os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Jorginho Mello (Santa Catarina).
A comitiva bolsonarista em Buenos Aires conta ainda com uma série de senadores, deputados federais e estaduais e ex-ministros de Bolsonaro. O grupo deve retornar na segunda-feira (11).