Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, irá se reunir na próxima quinta-feira (14) com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, para discutir a crise na região de Essequibo. O presidente de São Vicente e Granadina confirmou nesta segunda-feira (11) o encontro. O assessor para assuntos internacionais, Celso Amorim, será enviado como observador representando o Brasil.
Em publicação no X (antigo Twitter) nesta segunda-feira (11), Maduro declarou que a posição da Venezuela é de diálogo, mas que há um direito legítimo da Venezuela sobre Essequibo e que vai querer debater o que chamou de interferência dos Estados Unidos na disputa.
I welcome direct, face-to-face talks. It has always been my proposal, for I believe in dialogue, candid conversation, understanding and peaceful coexistence between peoples and nations. I will attend the meeting with the mandate given to me by the people. Venezuela shall… pic.twitter.com/ftsFSe0to0
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) December 12, 2023
Em entrevista ao Jornal Nacional, o presidente guianês afirmou que não está indo negociar Essequibo com Maduro e que qualquer contestação deve ser feita no Tribunal Internacional de Haia. Ali também contou que o Brasil pediu para atuar como intermediador da conversa da Guiana com a Venezuela.
O Brasil faz fronteira com a Guiana e com a Venezuela, e apresenta uma postura conciliatória diante do conflito. Em telefonema, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a Maduro, neste sábado (9), que a Venezuela deve evitar medidas unilaterais que piorem a situação.
Já o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, afirmou que Nicolás Maduro não vai usar o Brasil para invadir território guianês, pois “temos uma fronteira, e eles só chegarão à Guiana passando – se passassem – pelo território brasileiro, e nós não vamos permitir em hipótese nenhuma. Então, ele tem uma possibilidade. Isso é uma manobra política dele“.
Essequibo, região rural com cultivos de arroz, mineração e vastas florestas habitadas por nove povos indígenas de língua inglesa, tem sido contestado desde o século XIX, com os venezuelanos alegando que foi tomado pelos britânicos na definição de fronteiras. A questão ganhou destaque recentemente devido à descoberta de riquezas na região.
Maduro acusa a Exxon Mobil de promover um “novo colonialismo” na Guiana, enquanto o presidente guianense, Irfaan Ali, rebate, chamando as declarações de “propaganda hipócrita“. A Guiana registrou um crescimento de 62% em 2022, impulsionado pela indústria petrolífera, mas a população enfrenta desafios com o aumento da inflação, atribuído em parte à presença de estrangeiros.
*sob supervisão de Camila Godoi