O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reforçou sua decisão de conduzir um ataque terrestre à região de Rafah, na Faixa de Gaza, independentemente do resultado das negociações de um acordo de cessar-fogo. Ele afirmou que uma retirada das tropas “antes de alcançar todas as suas metas está fora de questão”. “Vamos entrar em Rafah e eliminar os batalhões do Hamas – com ou sem acordo”, completou.
Rafah é a última cidade intacta em Gaza, por isso, mais de um milhão de palestinos encontram-se lá, entre moradores e deslocados. Um ataque na região é rechaçado pela comunidade internacional e considerado catastrófico. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, destacou, em sua conta no X, que uma ofensiva a Rafah seria “uma escalada insuportável, matando mais milhares de civis e forçando centenas de milhares a evacuar”.
A military assault on Rafah would be an unbearable escalation, killing thousands more civilians & forcing hundreds of thousands to flee.
It would have a devastating impact on Palestinians in Gaza, with serious repercussions on the occupied West Bank & across the wider region.
— António Guterres (@antonioguterres) April 30, 2024
Entretanto, segundo noticia a emissora israelense GLZ Radio, oficiais do exército afirmam que “se não houver progresso sobre um acordo nos próximos dias”, “será dada a ordem de lançamento de um ataque a Rafah”. Há também notícias de que Netanyahu já avisou as famílias dos reféns que vem ordenando a retirada dos civis da área. Porém, segundo o chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, em inglês), Philippe Lazzarini, “pessoas ainda não receberam um pedido de evacuação”.
O acordo proposto
Um novo acordo de cessar-fogo de 40 dias na Faixa de Gaza foi proposto pelo Egito, em parceria com Israel, ao grupo terrorista Hamas. O documento, apresentado nesta segunda-feira (29), propõe, em um primeiro momento, a libertação de 33 reféns, prioritariamente mulheres, soldadas israelenses, idosos e enfermos. Anteriormente, o país demandava a soltura de pelo menos 40 capturados. Em troca, Israel promete liberar centenas de palestinos presos no país.
Em uma segunda fase, estipula-se uma denominada “restauração da calma sustentável”, que, segundo fontes à CNN Internacional, significa “um acordo para um cessar-fogo permanente sem chamá-lo assim”.
Líder do Hamas cita “problemas” com acordo de cessar-fogo
Osama Hamdan reiterou que as demandas do Hamas incluem a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza, a possibilidade de palestinos deslocados retornarem a seus vilarejos e o aumento do fluxo de auxílio humanitário na região.
Para o líder do grupo, estas questões não foram abordadas por Israel e as considera “sérias”. “Eles não querem um cessar-fogo completo e não estão falando, em um tom sério, sobre a retirada de Gaza. Na verdade, eles ainda mencionam sua presença […] o que significa que continuarão ocupando Gaza“, disse Hamdan, completando que apresentarão questões para os mediadores e, “se as respostas forem positivas”, o acordo pode seguir.