O novo ministro das Finanças do Reino Unido, Jeremy Hunt, descartou nesta segunda-feira (17) o plano econômico da primeira-ministra Liz Truss e reduziu o vasto subsídio de energia proposto por ela, lançando uma das maiores reviravoltas na política fiscal britânica de forma a conter uma dramática perda de confiança dos investidores.
Encarregado de deter um tombo no mercado de títulos que se alastrou desde que o governo anunciou enormes cortes de impostos não financiados em 23 de setembro, Hunt agora reverteu todas as políticas econômicas que ajudaram Liz Truss a ser eleita primeira-ministra há pouco menos de seis semanas.
O porta-voz da primeira-ministra negou que Hunt esteja agora administrando o país, depois que sua nova estratégia, que também incluirá cortes de gastos, fez com que a libra disparasse em relação ao dólar e os preços dos títulos do governo começassem a se recuperar de três semanas de vendas.
“Continuo extremamente confiante sobre as perspectivas econômicas de longo prazo do Reino Unido à medida que entregamos nossa missão de crescimento”, disse Hunt em um clipe televisionado. “Mas o crescimento exige confiança e estabilidade, e o Reino Unido sempre pagará suas contas.”
Sob o novo plano, a maior parte dos £ 45 bilhões em cortes de impostos não compensados pelo governo de Liz será revertida, e um esquema de apoio energético de dois anos para residências e empresas, que deve custar bem mais de £ 100 bilhões, agora só será executado até abril.
Depois disso, o governo revisará o melhor caminho a seguir, para apresentar um esquema direcionado que “custe ao contribuinte significativamente menos do que o planejado”.
Hunt disse que as mudanças planejadas no corte de impostos levantarão £ 32 bilhões (US$ 36 bilhões) todos os anos. A libra subiu 1,4%, para o pico da sessão de US$ 1,1332, após a declaração.
Liz Truss disse que agora está traçando um novo curso de crescimento, um que protegerá a estabilidade. “Tomamos medidas para traçar um novo curso de crescimento que apoie e entregue às pessoas em todo o Reino Unido”, disse ela no Twitter.
A mais recente crise a atingir o Reino Unido começou em 23 de setembro, quando a nova primeira-ministra Truss e seu então ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, anunciaram £ 45 bilhões em cortes de impostos não financiados para tirar a economia de anos de estagnação.
Mas a resposta dos investidores em títulos que financiariam o plano foi tão violentamente negativa que os custos dos empréstimos aumentaram e os credores retiraram as ofertas de hipotecas. Eventualmente, o Banco da Inglaterra teve que intervir para evitar que os fundos de pensão fossem à falência.
Depois de reverter um corte de impostos, Liz Truss demitiu seu amigo de longa data Kwarteng na sexta-feira (14) e nomeou Hunt, ex-ministro da Saúde e das Relações Exteriores, para desfazer outras desonerações.
O novo ministro das Finanças ainda apresentará um plano fiscal de médio prazo mais completo, conforme programado, em 31 de outubro, juntamente com as previsões do independente Escritório de Responsabilidade Orçamentária, disse o Tesouro.