caos

O que se sabe sobre os protestos no Quênia contra nova lei de impostos?

Pelo menos cinco manifestantes foram mortos a tiros, enquanto partes do parlamento foram incendiadas durante a aprovação de um controverso projeto

A terça-feira (25) foi marcada por confrontos violentos no parlamento do Quênia, onde a polícia disparou contra manifestantes que tentavam invadir o prédio.
Manifestantes são dispersados pelas forças armadas – Créditos: X/Reprodução

A terça-feira (25) foi marcada por confrontos violentos no parlamento do Quênia, onde a polícia disparou contra manifestantes que tentavam invadir o prédio. Pelo menos cinco manifestantes foram mortos a tiros, enquanto partes do parlamento foram incendiadas durante a aprovação de um controverso projeto de lei para aumentar impostos.

Publicidade

Em meio ao caos, os manifestantes conseguiram dominar a polícia temporariamente, afastando-os em uma tentativa de invadir o complexo parlamentar. Segundo a Citizen TV, alguns manifestantes conseguiram entrar na câmara do Senado.

Após tentativas frustradas de dispersar a multidão com gás lacrimogêneo e canhões de água, a polícia optou por abrir fogo. O ministro da Defesa, Aden Duale, declarou oficialmente a mobilização do exército para lidar com a “emergência de segurança”, que resultou em danos significativos à infraestrutura crítica.

Um repórter da Reuters contou pelo menos cinco corpos de manifestantes do lado de fora do parlamento. A Associação Médica do Quênia confirmou que pelo menos cinco pessoas morreram a tiros enquanto recebiam tratamento, relatando ainda 31 feridos, dos quais 13 foram atingidos por balas reais e quatro por balas de borracha.

Diante da escalada da violência, a polícia conseguiu finalmente afastar os manifestantes do prédio, utilizando gás lacrimogêneo e disparos. Os legisladores foram evacuados por túneis subterrâneos, conforme relatado pela mídia local.

Publicidade

Em Washington, a Casa Branca anunciou estar monitorando de perto a situação em Nairóbi, pedindo calma. Embaixadores de países como Grã-Bretanha, EUA e Alemanha expressaram profunda preocupação com a violência durante os protestos anti-impostos e apelaram à moderação de todas as partes.

Publicidade

A ativista queniana Auma Obama, meia-irmã do ex-presidente dos EUA Barack Obama, também foi afetada pelo gás lacrimogêneo, conforme mostrou uma entrevista da CNN.

Além dos confrontos em Nairóbi, os serviços de internet em todo o Quênia sofreram interrupções severas durante a repressão policial, de acordo com o monitor de internet Netblocks. A Safaricom, principal operadora de rede do país, informou que os problemas afetaram dois de seus cabos submarinos, embora a causa exata das interrupções permaneça incerta.

Os protestos e confrontos se estenderam a várias outras cidades e vilas do Quênia, com muitos manifestantes pedindo a renúncia do presidente William Ruto e se opondo veementemente aos aumentos de impostos propostos.

Publicidade

A razão dos protestos no Quênia

O projeto de lei para o período 2024/25 visa arrecadar 2,7 bilhões de dólares adicionais em impostos para reduzir o déficit orçamentário e o endividamento estatal, que atualmente representa 68% do PIB do Quênia, acima dos 55% recomendados pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional.

Enfrentando desafios significativos de liquidez e incertezas sobre o acesso aos mercados financeiros, o Quênia buscou apoio do FMI, que pressionou o governo a atingir metas de receita para garantir mais financiamento.

Os manifestantes argumentam que os aumentos de impostos planejados prejudicarão a economia e aumentarão o custo de vida para os quenianos já lutando para sobreviver.

Publicidade

Este não é o primeiro embate em torno de projetos de lei financeira no país. No ano passado, o governo de William Ruto introduziu um imposto habitacional e elevou a alíquota do imposto de renda pessoal mais alta, desencadeando protestos, desafios judiciais e críticas públicas.

O parlamento queniano se reunirá na terça-feira para votar as emendas propostas ao projeto de lei. Os legisladores focarão apenas nas áreas passíveis de emendas. Uma vez aprovado pelo parlamento, o presidente Ruto terá 14 dias para assiná-lo como lei ou devolvê-lo para novas emendas.

Siga a gente no Google Notícias

Assine nossa newsletter

Cadastre-se para receber grátis o Menu Executivo Perfil Brasil, com todo conteúdo, análises e a cobertura mais completa.

Grátis em sua caixa de entrada. Pode cancelar quando quiser.