Uma pesquisa recente divulgada às vésperas da eleição presidencial da Rússia revela uma crescente insatisfação com a guerra na Ucrânia e preocupações com questões internas, como salários e qualidade de vida.
A pesquisa do Projeto Crônicas, liderada pelo político de oposição Alexei Miniailo, mostra que a base de apoio à guerra é de apenas 17%, indicando um cansaço geral com o conflito. Em fevereiro do ano passado, eles eram 22%. Foram ouvidas 1.602 pessoas entre 23 e 29 de janeiro, por telefone.
Para conseguir discutir abertamente a invasão sem resultar em consequências legais severas, Miniailo e sua equipe perguntaram sobre a “operação militar especial”, nome dado pelo Kremlin à guerra, sobre a retirada das tropas da Ucrânia e sobre as prioridades do orçamento, ao invés de questionar diretamente sobre o apoio à guerra ou à busca por um cessar-fogo.
A maioria dos entrevistados (56%) apoia a ofensiva, enquanto 39% não concordam com uma retirada sem que os objetivos da guerra sejam atingidos, e 33% afirmam que os gastos militares devem ser prioritários. Apenas 17% concordam com as políticas favoráveis à guerra. Enquanto isso, 19% se identificam como pacifistas. As preocupações com gastos sociais são compartilhadas por 40% dos entrevistados.
Embora o presidente do país, Vladimir Putin, prometa mais investimentos sociais, o orçamento destinado para a Defesa corresponde a 30% de todos os gastos federais previstos para 2024.
Putin tem preparado o país para um conflito prolongado, refletido nos altos investimentos militares. No mês passado, uma estimativa feita pelo governo dos EUA e obtida pela agência Reuters mostrou que, até agora, a guerra custou aos cofres russos US$ 211 bilhões, ou mais de R$ 1 trilhão.
Para 2024, o orçamento federal aprovado pelo Parlamento prevê 10,78 trilhões de rublos (R$ 591 bilhões) em gastos com “segurança nacional“, representando quase 30% do total para todo o governo federal em 2024, enquanto os gastos sociais também aumentam.
* Matéria publicada com supervisão de Ricardo Parra.