A Coreia do Sul tem a taxa de natalidade mais baixa do mundo e registrou uma nova queda na taxa de fecundidade em 2023, segundo dados divulgados pelo governo do país na última quarta-feira (28). Atualmente, as sul-coreanas têm, em média, 0,72 filhos em toda a vida fértil.
Conforme dados de 2021 do UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas), a taxa de fecundidade global naquele ano era de 2,3 filhos por mulher em toda a vida fértil. Em 2022, o país já registrava a média de 0,78 filhos por mulher. Se a tendência continuar, estima-se que a população da Coreia do Sul cairá pela metade até o ano 2100.
Por que as sul-coreanas não querem engravidar?
Preocupações com a carreira e o alto custo de criar filhos estão entre os principais motivos que fazem as mulheres optarem por não engravidar. Desse modo, a estimativa é que a fecundidade global caia para 2,1 nascimentos por mulher até 2050.
De acordo com a BBC News, as mulheres coreanas são as mais qualificadas dos países da OCDE e, ainda assim, o país tem as piores disparidades salariais entre homens e mulheres, além de uma proporção superior à média de mulheres desempregadas em comparação com os homens.
Dilema das sul-coreanas: família ou carreira?
O site de notícias aponta que para pesquisadores, as sul-coreanas ficam diante de uma escolha: ter uma carreira ou ter uma família. E cada vez mais elas, estão optando pela carreira.
A crise demográfica da Coreia do Sul é também um dos principais entraves para o crescimento econômico do país e para a sustentabilidade do sistema de segurança social. Hoje, a população é estimada em pouco mais de 51 milhões de pessoas.
Desde 2006, o governo sul-coreano ofereceu 360 bilhões de wons (R$ 1,3 bilhão na conversão atual) em subsídios para cuidados infantis. Mesmo assim, não foi possível reverter a tendência. Os números atuais soam tão mal para a economia, para o fundo de pensões e para segurança do país, que os políticos declararam tratar-se de uma “emergência nacional”.
Ainda segundo a BBC News, casais que têm filhos recebem muito dinheiro. Desde quantias mensais, até moradia subsidiada e táxis gratuitos. Contas hospitalares e até tratamentos de fertilização in vitro são cobertos, embora apenas para os casados.
No entanto, os incentivos financeiros dos últimos 18 anos não deram resultado, levando a classe política a debater soluções mais “criativas”, como contratar amas do Sudeste Asiático e pagá-las abaixo do salário mínimo, e isentar do serviço militar os homens que tiverem três filhos antes de completarem 30 anos.
* Sob supervisão de Lilian Coelho