primeiro julgamento

Trump: “Isso é um ataque aos Estados Unidos”

Sem responder a nenhuma pergunta dos jornalistas, o republicano chegou ao tribunal por volta das 9h30 desta segunda-feira (15), cumprimentou seus apoiadores e afirmou que está sendo alvo de “perseguição política”

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Donald Trump – Crédito: Getty Images

“Isso é um ataque aos Estados Unidos. E é por isso que estou muito orgulhoso de estar aqui”, foi o que declarou o ex-presidente norte-americano, Donald Trump, antes de entrar no Tribunal de Manhattan, em Nova York. Sem responder a nenhuma pergunta dos jornalistas, ele chegou ao local por volta das 9h30 desta segunda-feira (15), cumprimentou seus apoiadores e afirmou que está sendo alvo de “perseguição política”.

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Trump é acusado de ter pago para manter em segredo um caso envolvendo uma atriz pornô conhecida como Stormy Daniels, durante a campanha eleitoral de 2016. Para execução deste pagamento de US$ 130 mil, ele teria falsificado registros financeiros, violando as leis de Nova York.

Este é o primeiro processo criminal enfrentado pelo republicano. Embora o caso possa levá-lo à cadeira, as probabilidades não são altas. Apesar de ser visto por alguns especialistas em direito como o menos sério dos quatro processos criminais que ele está enfrentando, é o único que definitivamente será julgado antes das eleições em novembro.

Pela manhã, o ex-presidente emitiu uma declaração, como fez em ocasiões anteriores ao comparecer a tribunais. Nela, ele solicitou doações para sua campanha nas eleições de novembro, onde enfrentará Joe Biden. “Isso é apenas um plano de democratas RADICAIS do DEEP STATE para vir atrás de você —e eu sou a única coisa que está impedindo isso”, aponta a nota, a qual faz referência a uma teoria conspiratória que sugere a existência de um poder oculto no governo federal norte-americano.

Por fim, para além das declarações de Trump quanto ao julgamento ser um ataque aos Estados Unidos, o republicano também encontrou, quando chegou ao tribunal, vários manifestantes. Estes exibiam cartazes que diziam “perdedor” e “condenem Trump”.

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A ordem de silêncio e a permanência do juiz

Antes de começar o processo de seleção do júri para o julgamento, o juiz Juan Merchan confirmou que irá permanecer no caso, rejeitando a mais recente tentativa da defesa do republicano de removê-lo. Trump fez inúmeras críticas ao juiz e acusou possíveis testemunhas de mentirem. Merchan emitiu uma ordem de silêncio ao republicano, proibindo-o de comentar publicamente sobre o caso. No entanto, o ex-presidente já desrespeitou a ordem.

Por conta disso, logo no início da audiência, os promotores mencionaram as críticas de Trump às testemunhas e aos funcionários do tribunal. Eles solicitaram ao juiz uma multa de US$ 1 mil (aproximadamente R$ 5 mil) por cada uma das três postagens em redes sociais neste mês.

“As duas testemunhas têm falado sobre o depoimento neste caso, a reeleição do presidente Trump e, de forma geral, difamando-o constantemente”, respondeu o advogado de Trump, Todd Blanche. Ele defende que o republicano apenas respondeu a declarações públicas, o que não constituiria uma violação à ordem.

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A escolha dos jurados e a audiência

Vale ressaltar o julgamento iniciará oficialmente quando a acusação e a defesa começarem a escolher os 12 jurados. Esse procedimento pode se estender por cerca de duas semanas. Além disso, o julgamento pode se prolongar até junho. Nesse contexto, os apoiadores de Trump têm criticado seleção do júri. Trump acusa o promotor Alvin Bragg de conduzir uma caça às bruxas e argumenta que qualquer escolha durante uma campanha eleitoral será tendenciosa.

No início de março, uma pesquisa realizada pela Ipsos/Politico revelou que mais de 33% dos eleitores independentes, ou seja, aqueles que não são democratas nem republicanos, afirmaram que uma condenação poderia reduzir sua disposição de apoiar Trump. Ou seja, isso poderia ter consequências significativas. Por essa razão, a defesa de Trump tentou adiar o julgamento até o último momento.

Por fim, durante as audiências desta segunda-feira (15), Trump demonstrou sinais de irritação e exaustão em diferentes momentos. Enquanto um promotor reproduzia comentários de Trump em um vídeo de 2005, onde ele fala sobre agarrar mulheres, ele permaneceu impassível. Já em momentos posteriores, ele parecia cochilar.

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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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