CRISE HUMANITÁRIA

Bolsonaro: “nunca um governo dispensou tanta atenção aos indígenas”

Em respostas às críticas sobre a situação dos Yanomami, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), postou em suas redes sociais um documento sobre a CPI que investigou casos de desnutrição entre indígenas, durante o seu mandato.

Bolsonaro: "nunca um governo dispensou tanta atenção aos indígenas"
(crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

Criticado pela situação em que se encontra o povo Yanomami, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), postou em suas redes sociais, neste sábado (28), que “nunca um governo dispensou tanta atenção e meios aos indígenas” .

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De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o ex-presidente pretende rebater as críticas sobre a forma como o governo dele conduziu as ações na Amazônia e em particular na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Na publicação, Bolsonaro divulgou o relatório de uma CPI destinada a investigar a morte de crianças indígenas por desnutrição, no período de 2005 a 2007.

Recentemente, o antropólogo Márcio Augusto Meira, que presidiu a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) entre 2007 e 2012, teceu críticas contra a gestão do governo anterior: “O último governo foi um ponto fora da curva no que tange ao respeito à Constituição e ao cumprimento do dever do Estado de proteger os territórios contra invasores”.

CPI

Instalada em 19 de dezembro de 2007, a CPI teve como relator o então deputado Vicentinho Alves (PR-TO) e operou até 6 de junho de 2008. Nesse intervalo, realizou 18 reuniões e diligências aos estados de Mato Grosso do Sul, Maranhão, Acre e Tocantins.

De acordo com o relatório final,  a comissão concluiu à época, que o problema da desnutrição entre crianças indígenas não se resumia ao Mato Grosso do Sul e que os órgãos responsáveis pela atenção aos indígenas (Funasa e Funai) apresentavam grave restrição de recursos humanos estáveis e uma integração operacional deficiente.

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Especificamente em relação aos Yanomami, o documento afirma, em diferentes trechos: “Em Roraima, entre os Yanomami, os índices de malária voltam com intensidade, em função do abandono nas ações preventivas em saúde, especificamente nos serviços para o combate ao mosquito transmissor da doença […] Em diversas localidades, funcionários são obrigados a cruzar os braços devido ao atraso no pagamento de seus salários, a exemplo do que acontece no Distrito Sanitário Yanomami. A situação é de uma gravidade sem precedentes e exige do poder público providências enérgicas e ações contundentes para combater a fome, a desnutrição e as doenças causadas por parasitoses.”

Com base nesse diagnóstico, o relatório apresentou recomendações como o fortalecimento da Funasa e da Funai, por meio da realização de concursos públicos, da elaboração de planos de cargos e salários e reorganização administrativa.  Nos locais com desnutrição mais grave, como no Maranhão, o documento sugeriu a criação de comitês gestores, bem como melhor previsão orçamentária para uma adequada distribuição de cestas básicas e uma atuação mais incisiva da Funai para promover a produção de alimentos pela comunidade indígena.

Márcio Augusto Meira disse à reportagem da Folha que participou da comissão e, a publicação de Jair Bolsonaro é uma tentativa de criar uma cortina de fumaça na crise atual e jogar a culpa em governos anteriores.

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ENTENDA A CRISE

O Perfil Brasil preparou um dossiê exclusivo sobre a crise que atinge os povos Yanomamis. Para entender mais sobre o tema veja abaixo:

 

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