GOVERNO BOLSONARO

Braga Netto diz que não pressionou por golpe, mas cobrava posição de comandantes

General alega que estava sendo pressionado por militares da reserva e apoiadores em relação ao fim do mandato

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General Walter Braga Netto é um principais focos da investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado – Créditos: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O general Walter Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022 e é um dos focos principais da investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, tem afirmado a seus interlocutores que suas mensagens eram simplesmente uma exigência para que os comandantes das Forças Armadas agissem e respondessem à pressão bolsonarista no final do governo. A informação é da jornalista Jussara Soares, da CNN.

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De acordo com Braga Netto, que ocupava cargos de ministro da Casa Civil e da Defesa na época das trocas de mensagens reveladas pela investigação da Polícia Federal, ele não detinha uma posição oficial no governo naquele momento e estava sendo pressionado por militares da reserva e apoiadores em relação ao fim do mandato de Bolsonaro.

Em outras palavras, ele argumenta que não estava em posição de tomar qualquer decisão.

Além disso, Braga Netto afirma que suas cobranças visavam instigar os comandantes do Exército, Marinha e Força Aérea Brasileira, assim como o então ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, a responderem para garantir uma transição de governo tranquila.

Ele tende a minimizar os insultos dirigidos a outros militares, alegando que essa linguagem é “comum entre os membros das Forças Armadas“.

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Risco de golpe?

No final de 2022, os acampamentos em frente aos quartéis clamavam por uma intervenção para impedir que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tomasse posse em outubro, mantendo Bolsonaro no poder.

Em novembro daquele ano, ao sair do Palácio da Alvorada, Braga Netto disse aos seus apoiadores: “Não percam a fé, é tudo o que posso dizer a vocês agora“.

Conforme as investigações, em dezembro de 2022, Braga Netto criticou o então comandante do Exército em uma conversa com Ailton Barros, capitão reformado do Exército, atribuindo-lhe a culpa pelo que estava acontecendo e aconteceria, chamando-o de omisso e indeciso.

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Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá e do Gen. Freire Gomes. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, escreveu Braga Netto.

Em outra mensagem, também de dezembro de 2022, Braga Netto instruiu Ailton Barros a atacar o então comandante da FAB, tenente-brigadeiro Baptista Junior, chamando-o de “traidor da pátria“, e ordenou que elogiassem o almirante de esquadra Almir Garnier, então comandante da Marinha.

Segundo as investigações, Garnier teria concordado com um golpe de Estado e disponibilizado suas tropas para Bolsonaro. Ao ser intimado a prestar depoimento, o ex-comandante da Marinha permaneceu em silêncio.

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A divulgação dessas mensagens provocou indignação entre os líderes das Forças Armadas, especialmente porque a conversa de Braga Netto foi com Ailton Barros, que foi expulso do Exército por abuso e desacato pelo Superior Tribunal Militar em 2006.

Alvo da PF

Após ser alvo de busca e apreensão durante uma operação da Polícia Federal em 8 de fevereiro, Braga Netto perdeu o salário de cerca de R$ 40 mil no PL, onde ocupava o cargo de secretário de Relações Institucionais.

Com a proibição de manter contato com o ex-presidente Bolsonaro, ele tem passado a maior parte do tempo no Rio de Janeiro e se dedicado ao diretório estadual do partido.

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* Matéria publicada com supervisão de Ricardo Parra.

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