ELA É SOCIÓLOGA

Janja: “Eu não fico atrás do presidente. Sempre fico ao lado dele”

A primeira-dama, que prefere ser chamada de “você”, quer discutir assuntos mais importantes como violência contra crianças e mais participação feminina na política a ficar “fazendo chá das cinco”

Janja: "Eu não fico atrás do presidente. Sempre fico ao lado dele"
A primeira dama Janja Lula da Silva no Palácio da Alvorada (Crédito Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

O velho – e machista – ditado diz que “atrás de um grande homem vem sempre uma grande mulher”, mas não para a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Durante um evento em Lisboa, em abril, Janja ouviu uma frase parecida vinda de duas senhoras do  cerimonial do Parlamento português: “Você fica aqui, atrás do presidente”.

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A primeira-dama não ficou e ainda emendou em seguida: “Não, amor, eu não fico atrás do presidente. Sempre fico ao lado dele”, corrigiu Janja, de 57 anos, segurando firme nas mãos de Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto acompanhava seus passos na cerimônia. Desde então, o gesto tem se repetido.

Em entrevista de quase 2 horas a ELA, do jornal O Globo, realizada no Palácio da Alvorada, em Brasília. A primeira-dama falou sobre a vontade de ter um gabinete formal no Palácio do Planalto, onde Lula despacha. Contudo, esse plano foi não se realizou: conselheiros do presidente vislumbraram risco de atrair a ira da oposição.

Janja contestou a decisão. “A primeira-dama dos Estados Unidos tem um gabinete oficial. Ela tem agenda, tem protagonismo e ninguém questiona isso. Por que o Brasil questiona? Por que aqui tudo parece mais difícil?”, afirmou.

Aumentar a presença feminina na política também foi um dos assuntos abordados na entrevista. “Não é porque eu sou mulher do presidente que vou falar só de batom”. Revelando certa informalidade, Janja disse que prefere ser chamada de “você” e não de “senhora”.

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Ela também mencionou a ressignificação do papel de mulher do presidente, até hoje exercido por suas antecessoras. “O papel de primeira-dama sempre foi muito quadrado, colocado numa caixa em que a mulher do presidente recebe pessoas e faz caridade. Eu sou socióloga e nunca fui de gabinete, eu ia para o campo”, explicou.

Para ela, discutir mais mulheres na política, violência contra a mulher, exploração sexual de crianças e adolescentes, “é mais importante do que ficar só fazendo jantar ou chá das cinco”.

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