A Justiça do Distrito Federal negou uma ação apresentada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e pela ex-primeira-dama Michelle contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente havia sugerido que ambos foram responsáveis por levar móveis desaparecidos do Palácio da Alvorada, posteriormente encontrados.
Eles buscavam uma retratação “na mesma proporção do dano” que teria sido realizado e uma indenização de R$ 20 mil, que seria direcionada ao Instituto Carinho, que acolhe crianças em situação vulnerável na capital federal.
Segundo a juíza Gláucia Silva, a ação deveria ter sido apresentada contra a União, e não diretamente contra Lula. A magistrada extinguiu o processo sem analisar o mérito, ou seja, sem determinar se o pedido tem ou não fundamento.
Entenda a “guerra dos móveis” entre Lula e Bolsonaro
Logo após assumir o cargo, em janeiro de 2023, Lula disse em um café da manhã com jornalistas que os móveis do Alvorada que haviam sumido teriam sido levadas por Bolsonaro. “Não sei se eram coisas particulares do casal, mas levaram tudo. Então, a gente está fazendo a reparação, porque aquilo é um patrimônio público”, disse o presidente à época.
“Pelo menos a parte de cima [do palácio], está uma coisa como se não tivesse sido habitada, porque está todo desmontado, não tem cama, não tem sofá. Possivelmente, se fosse dele, ele tinha razão de levar mesmo. Mas, ali é uma coisa pública“, completou.
Isso resultou em compras de móveis para o Alvorada no valor de mais de R$ 250 mil, intensificando as desavenças entre as famílias. Em janeiro de 2023, a primeira-dama Janja Lula da Silva denunciou condições precárias na residência oficial, como janelas rachadas, sofás e tapetes rasgados e sujos, tetos com infiltração, tábuas soltas e quebras no piso.
Em resposta, Michelle explicou que os móveis estavam nos depósitos do Alvorada ou da Presidência e relatou ter recebido a sugestão de usar móveis diferentes durante um encontro com Marcela Temer em 2018. “Esses móveis estão ou no depósito 5 do Palácio do Alvorada, ou no depósito da Presidência. Existe esse depósito com várias cadeiras, mesas, sofás, quadros, que você pode fazer esse rodízio”, disse pelas redes sociais.
Em nota à Folha, Michelle também afirmou que “esse governo quis atribuir a nós o desaparecimento de móveis do Alvorada“, mesmo sabendo que “isso era uma mentira, mas queriam uma cortina de fumaça para tirar o foco da notícia de que eles gastariam o dinheiro do povo para comprar móveis novos por puro capricho“.
No último mês, a Presidência informou que encontrou os 261 itens dados como perdidos. De acordo com a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), houve “descaso” no cuidado com a mobília, o que exigiu um esforço para localizá-los todos novamente.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini