oposição religiosa

Lula e Biden tentam vencer rejeição entre evangélicos

Uma pesquisa da Quaest mostrou que 62% dos evangélicos entrevistados veem a gestão do presidente brasileiro como não satisfatória

Apesar da distância física, os presidentes do Brasil e Estados Unidos, Lula e Joe Biden, enfrentam problemas semelhantes quando se trata de apoio dos religiosos às suas respectivas gestões.
Ambos enfrentam altos números de desaprovação dos religiosos – Créditos: Marcelo Camargo/Agência brasil e Getty Images

Apesar da distância física, os presidentes do Brasil e Estados Unidos, Lula e Joe Biden, enfrentam problemas semelhantes quando se trata de apoio dos religiosos às suas respectivas gestões. Segundo uma pesquisa do Pew Research Center revelou que 86% dos brancos evangélicos ouvidos pela enquete desaprovam o mandato do democrata. No geral, a rejeição é de 62%, 24 pontos percentuais menor. Em comparação, apenas 32% dos protestantes negros são contra Biden.

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Já no Brasil, Lula enfrenta pressão parecida. Uma pesquisa da Quaest mostrou que 62% dos evangélicos entrevistados veem a gestão do presidente como não satisfatória. Como medida de estancamento, o Governo projetou o lançamento do programa “Fé no Brasil”, que busca divulgar para este recorte demográfico as medidas tomadas pela gestão petista.

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“Boom” do evangelismo

De acordo com um estudo do cientista político do Centro de Estudos da Metrópole, Victor Araújo, o número de igrejas evangélicas entre 2015 e 2019 quadruplicou no Brasil, de cerca de 20 mil, para 109,5 mil. Quase metade destes são pentecostais (48.781 templos).

Uma das razões, segundo Victor, é o enfraquecimento do catolicismo nas periferias. “Eram populações católicas, mas as paróquias não estavam nesses locais, e eles foram rapidamente ocupados pelas evangélicas, que têm estruturas menos engessadas, às quais a cultura das periferias se adaptou melhor”, disse o especialista ao Estadão.

Outro agravante contra o PT é a aproximação de líderes evangélicos à extrema direita. O Datafolha também estima que, quando Lula assumiu seu primeiro mandato, em 2003, menos de 20% das pessoas se declaravam evangélicas, enquanto que atualmente, este número supere 30%.

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“O PT estava acostumado com um mundo evangélico menor e menos articulado nos primeiros governos. Está tomando agora um vareio, apanhando muito por não conseguir fazer essa política”, afirmou Vinicius do Valle, autor do livro “Entre a Religião e o Lulismo”, ao Globo.

O que Lula pode fazer?

“O evangélico é evangélico, mas também é morador de periferia, pobre, mulher. Políticas públicas que atinjam esse público por essas vias, sem ser pela questão religiosa, tendem a impactar essa parcela a aprovar mais o Governo”, reforça Vinícius.

A coordenadora do Instituto de Estudos da Religião (Iser), Ana Carolina Evangelista, vê medidas como “Fé no Brasil” com um olhar otimista, mas avisa que o evangélico se baseia apenas na fé. “Existem outros intermediários locais que estão não só nas igrejas, mas nas comunidades, em espaços onde congregam e constroem a política no território. Esses comunicadores estão radicalizados. Existe uma campanha sistemática, sobretudo na arena evangélica, de que a esquerda é um problema no campo dos valores, mas também na economia”, afirma.

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Uma pesquisa do Iser, focado em mulheres evangélicas, mostrou que o que mais pesa contra o presidente é a questão econômica. Apesar dos índices positivos, há a sensação de que a vida não está mais fácil. Além disso, as entrevistadas também citam o medo de perseguição aos evangélicos.

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