
A ministra do Meio Ambiente Marina Silva disse que a Venezuela “não se configura como uma democracia“. A fala ocorreu em entrevista ao site Metrópoles publicada nesta quarta-feira (31), e difere do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a situação do país.
“Na minha opinião pessoal — eu não falo pelo governo — [a Venezuela] não se configura como uma democracia. Muito pelo contrário”, afirmou Marina. Ainda assim, ela elogiou a abordagem do governo brasileiro. “O Brasil está muito correto quando diz que quer ver o resultado eleitoral, os mapas, todas as comprovações de que, de fato, houve ali uma decisão soberana do povo venezuelano”.
A ministra se refere ao fato do Brasil estar esperando a publicação das atas de eleição da Venezuela para reconhecer o candidato eleito. Nicolás Maduro, junto com o Conselho Nacional Eleitoral, afirma ter vencido as votações para seu terceiro mandato como presidente. Já a oposição o acusa de ter forjado os resultados.
As falas de Marina
“Um regime democrático pressupõe que as eleições são livres, pressupõe que os sistemas são transparentes, pressupõe que não há nenhuma tentativa de perseguição política ou tentativa de inviabilizar com que os diferentes segmentos da sociedade, que legitimamente têm o direito de pleitear e chegar ao poder, venham a sofrer qualquer tipo de constrangimento ou impedimento”, declarou Marina Silva, à coluna de Guilherme Amado.
O que diz Lula?
Na última terça-feira (30), o presidente afirmou em entrevista à TV Centro América que não viu nada de “assustador” na votação e que os protestos da oposição fazem parte de um “processo normal”.
Entretanto, essa fala não representa um reconhecimento do resultado anunciado pelas autoridades venezuelanas. O ex-chanceler Celso Amorim, que é assessor especial da Presidência e foi enviado ao país para acompanhar a votação, reforçou o pedido das atas. O governo Lula deve se pronunciar somente após uma revisão interna.
O PT chegou a se manifestar a respeito das eleições e classificá-las como democráticas. De acordo com Lula, esse posicionamento é um “elogio ao povo venezuelano pelas eleições pacíficas”. “Tem uma briga, como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se ata tiver dúvida entre oposição e situação, oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça tomar o processo. Aí vai ter a decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo”, disse em entrevista.
Eleições na Venezuela
A eleição na Venezuela foi concluída no último domingo (28), e as autoridades do país declararam a vitória de Maduro com 51,2% dos votos. A oposição e líderes internacionais acusaram o processo de fraude, e a OEA (Organização dos Estados Americanos) relatou na terça-feira (30) que a eleição apresentou “vícios, ilegalidades e más práticas”.
Maduro foi proclamado presidente na segunda-feira (29), mesmo sem a publicação das atas eleitorais. Protestos eclodiram em várias cidades venezuelanas, resultando em pelo menos 12 mortes. Os manifestantes estão exigindo a recontagem dos votos, e estátuas de Hugo Chávez foram derrubadas.
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