A diplomata Glivânia Maria de Oliveira, de 62 anos, atual embaixadora do Brasil em Caracas, na Venezuela, garantiu diálogos entre o governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional (ELN). Ela deu entrevista ao site O Globo nesta segunda-feira (5).
A embaixadora respondeu ao veículo sobre a situação da democracia na Venezuela: “nós não exigimos, nós dialogamos sobre as diferenças”. Ela também respondeu questões sobre direitos humanos no país.
A diplomata, que já chefiou a embaixada no Panamá, o consulado brasileiro em Boston e o Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, deixou claro que “não se trata de mediação, o Brasil é parceiro da Venezuela”.
Mercosul
Glivânia foi questionada se o Brasil pensa no retorno da Venezuela ao Mercosul. “O interesse do Brasil é contribuir para criar condições na Venezuela, e na região em geral, que nos permitam caminhar na direção de uma integração e cooperação cada vez maior”.
Assim, a diplomata acredita que, em primeiro momento, a sua prioridade ao assumir o comando é realizar contatos iniciais. “Farei a apresentação de cartas credenciais, terei contato com a Chancelaria, com as autoridades. O primeiro mês será de intensa interação e apresentação no marco da continuidade do esforço que vem sendo feito desde janeiro de 2023 para normalizar e retomar a relação, para reconstruir pontes, disse Glivânia.
Bem como, em relação ao interesse central, a embaixadora avalia a importância do mercado venezuelano. “Há um interesse muito grande. A Venezuela é um mercado importantíssimo para Roraima e para outros estados e regiões do Brasil, precisamos trabalhar nessa área. O país tem um potencial, e é uma peça importante para nossa visão sobre a integração. A Venezuela é um elo fundamental nesse processo.”
Nomeação da embaixadora da Venezuela
A princípio, Glivânia Maria de Oliveira foi nomeada como embaixadora quase um ano depois do restabelecimento de relações entre Brasília e Caracas iniciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva logo após sua posse, em janeiro. Naquele mês, portanto, o Brasil enviou o diplomata Flávio Macieira para reabrir as sedes consulares brasileiras no país. O objetivo era que ele pudesse atuar como encarregado de negócios, mantendo os primeiros contatos com autoridades venezuelanas após a normalização de relações.
Como resultado, o ato encerrou os quase quatro anos de rompimento diplomático entre Brasil e Venezuela impulsionado pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ainda assim, no ano de 2019, o então mandatário decidiu reconhecer o ex-deputado venezuelano Juan Guaidó como “presidente autoproclamado” do país vizinho. Por fim, após a nomeação, deu início a um período de ruptura inédito entre Caracas e Brasília.
* Sob supervisão de Lilian Coelho