
Segundo pesquisa feita pelo Datafolha, o índice de eleitores que não veem chance da volta da ditadura ao Brasil é de 53%. Este, portanto, é o maior da série histórica iniciada há dez anos pelo instituto. Desta forma, 20% acreditam nessa possibilidade, enquanto 22% acham que há um pouco de risco de retrocesso democrático.
Os dados foram compilados pelo Datafolha, que ouviu 2.022 pessoas em 147 cidades brasileiras entre os dias 19 e 20 de março. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
Ditadura no Brasil
Há 60 anos, o golpe militar no Brasil colocou fim ao governo de João Goulart. Tropas do exército aderiram à sublevação iniciada em Juiz de Fora, na madrugada daquele 31 de março de 1964.
O movimento teve apoio de setores conservadores da política e da sociedade, de empresários, da Igreja Católica e das Forças Armadas. Desde já, Castello Branco assumiu a presidência em 15 de abril, tornando-se o primeiro dos cinco presidentes-generais.
A ditadura civil-militar iniciada ali durou 21 anos. Assim, a atriz Dulce Muniz lembra bem daquele dia. À Agência Brasil ela conta que ouviu o anúncio pelo rádio: “Veio uma voz… a partir deste instante, a Rádio Nacional passa a fazer parte da cadeia da legalidade. Pronto. Estava dado o golpe. Eu tinha 16 anos.”
José Genoino saiu da pequena Encantado, um distrito de Quixeramobim, no Ceará, para estudar em Fortaleza. Em 1968, quando foi decretado o AI-5, ele fazia parte do movimento estudantil. Dessa forma, Genoino entra para a clandestinidade, vai parar em São Paulo. Então, segue para a região do Araguaia.
“A minha geração só tinha três alternativas: ou ia para fora do país, ou ia para casa e podia ser presa e morta, ou então ia para a clandestinidade”. Ele é um dos poucos sobreviventes da Guerrilha organizada na região que hoje faz parte do norte do Tocantins.