CPMI

“Se tivesse recebido qualquer alerta, não teria viajado”, diz Torres sobre atos do 8 de janeiro

Em depoimento, o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro falou sobre sua ausência na data do ocorrido e reforçou que não recebeu qualquer informação sobre a possibilidade de atos violentos

O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, prestou depoimento nesta terça-feira (8) durante sessão da CPMI dos atos golpistas.
O ex-ministro declarou, ainda, que “se tivesse recebido qualquer alerta ou informe de inteligência indicando o risco eminente de violência e vandalismo, eu não teria viajado”. (Crédito: Lula Marques/ Agência Brasil)

O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, prestou depoimento nesta terça-feira (8) durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de 8 de janeiro. Durante a fala de abertura, ele comentou sua ausência na data do ocorrido, e reforçou que não recebeu qualquer informação sobre a possibilidade de atos violentos.

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Viajei de férias para os Estados Unidos com minha família no dia 6 de janeiro à noite, após aprovar o Protocolo de Ações integradas e enviar para todos os envolvidos. Esta viagem foi programada com antecedência e as passagens compradas em 21 de novembro“, afirmou.

O ex-ministro declarou, ainda, que “se tivesse recebido qualquer alerta ou informe de inteligência indicando o risco eminente de violência e vandalismo, eu não teria viajado“.

PRF

Torres mencionou também os bloqueios realizados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em rodovias durante o segundo turno das eleições em outubro do ano passado, considerando a suspeita de que tenham sido realizados em cidades e estados onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve mais votos no primeiro turno, se colocando em vantagem eleitoral sobre Bolsonaro. O Ministério da Justiça abrange a instituição policial.

Gostaria de esclarecer que não houve interferência do Ministério da Justiça no planejamento operacional da PRF e que a informação recebida do diretor geral era a de que o planejamento do segundo turno tinha sido semelhante ao do primeiro turno e foi executado sem alterações“, disse. “Ninguém deixou de votar e o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconheceu isso. O comparecimento no segundo turno foi superior ao registrado no primeiro turno“.

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“Minuta do golpe”

No dia 10 de janeiro, ao cumprir um mandado de busca e apreensão na casa do ex-ministro, a Polícia Federal (PF) encontrou um documento que decretava uma intervenção contra o TSE – processo conhecido como “estado de defesa” – para anular o resultado da eleição de 2022. Esse documento foi referenciado como a “minuta do golpe“.

Ainda em sua fala inicial, Anderson Torres a descreveu como “um texto apócrifo, sem data, uma fantasiosa minuta, que vai para coleção de absurdos que constantemente chegam aos detentores de cargos públicos“. Afirmou que desconhece as circunstâncias em que foi produzido, e que sequer cogitou “encaminhar ou mostrar para alguém“.

Vários documentos vinham de diversas fontes para que fossem submetidos ao ministro. Em razão da sobrecarga de trabalho, eu normalmente levava pasta de documentos para casa“, relatou. Segundo ele, os documentos importantes eram despachados e retornavam ao Ministério, e os demais eram descartados. “Um desses documentos deixados para descarte foi o texto chamado de minuta do golpe. Basta uma breve leitura para que se perceba ser imprestável para qualquer fim, uma verdadeira aberração jurídica“, avaliou.

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