leptospirose e dengue

Águas contaminadas no RS podem causar surtos de doenças infecciosas graves

Infecctologista explica que risco depende de fatores como o contato prolongado, ferimentos abertos, ingestão acidental e contato com boca ou nariz

Águas contaminadas no RS podem causar surtos de doenças infecciosas graves
Águas contaminadas no RS podem causar surtos de doenças infecciosas graves – Créditos: Reprodução/Jonathas Costa

As chuvas no Rio Grande do Sul estão causando preocupação devido ao aumento do risco de várias doenças. Em entrevista ao g1, a infectologista Stephanie Scalco alerta que as inundações podem resultar em problemas de saúde, incluindo leptospirose, transmitida pela água contaminada com urina de ratos, e surtos de dengue devido à água parada. Até agora, os temporais já causaram 85 mortes.

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Stephanie explica que as águas das enchentes se misturam com o esgoto, aumentando o perigo de contrair hepatite A, gastroenterite viral, gastroenterite bacteriana, leptospirose e parasitoses intestinais.

Ela ressalta que a água contaminada contém excrementos humanos e de animais, e qualquer doença transmitida pelo esgoto pode estar presente nessa água. O risco de contrair uma doença depende de vários fatores, como o contato prolongado, ferimentos abertos, ingestão acidental e contato com boca ou nariz.

Os sintomas podem variar de acordo com a doença, mas geralmente incluem diarreia, vômito e mal-estar, que podem aparecer até 24 horas após a exposição. A leptospirose, em casos graves, pode levar à morte e tem um período de incubação de 3 a 20 dias.

Sempre tem risco de morte essas doenças. Vai depender muito da fragilidade da pessoa que contraiu, então quanto mais doente, mais frágil, [pior]. Idosos, crianças apresentam mais risco de mortalidade, a gente tem aí um percentual considerável de casos de leptospirose que evoluem para forma grave“, afirma.

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Em relação aos casos de dengue, a especialista explica que, devido as enchentes, que deixam água parada, os episódios da doença devem aumentar no estado. De acordo com a última nota divulgada pela Sociedade Gaúcha de Infectologia e pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), a doença havia causado a morte de 126 pessoas em 2024 no RS.

Será um desafio para as outras equipes de saúde fazer diagnóstico diante de tantas doenças possíveis. Então, síndrome febril vai entrar no diagnóstico, [podendo ser] dengue, leptospirose, hepatite. Tudo isso vai ser um desafio muito grande para o pós-catástrofe. É uma preocupação das autoridades de saúde também“, ressalta.

 

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Como se prevenir das doenças?

Para prevenir-se contra as doenças causadas pelas enchentes, a especialista recomenda evitar o contato com a água, mas caso isso não seja possível, algumas medidas podem ser tomadas.

É importante não entrar em contato com a água se houver ferimentos abertos; se isso não for possível, é recomendado cobrir os ferimentos com curativos.

Além disso, é aconselhável limitar o tempo de exposição à água a menos de 15 minutos e usar roupas que cubram todo o corpo, como calças, botas e luvas. É crucial também não beber a água das enchentes; se for a única opção, a água deve ser fervida antes de consumir.

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A Sociedade Brasileira de Infectologia emitiu uma nota recomendando o uso de doxiciclina ou azitromicina para dois grupos expostos às águas das enchentes. Isso inclui equipes de socorro e voluntários que ficaram expostos à água por longos períodos sem equipamentos de proteção individual, bem como pessoas que foram expostas à enchente por um longo tempo, sujeitas a uma avaliação médica criteriosa do risco.

Apesar de não ser uma medida rotineira, em situações de alto risco, a intervenção pode ser considerada, embora não seja 100% eficaz. A nota foi assinada pela SES, e não é recomendada para gestantes e lactantes.

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