atenção aos sinais de alerta

Como diferenciar os sintomas de dengue e leptospirose?

Após cheias como as do Rio Grande do Sul, as duas doenças podem coexistir e infectar simultaneamente a população; paciente deve procurar atendimento médico para obter diagnóstico correto

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Como diferenciar sintomas de dengue e leptospirose? Veja dicas de especialista – Créditos: Canva

Com as enchentes históricas que atingiram o Rio Grande do Sul, o estado lida com problemas de infraestrutura e o avanço de doenças. A dengue e a leptospirose, especificamente, se espalham com facilidade e apresentam sintomas semelhantes. É preciso, portanto, saber diferenciá-las na hora do diagnóstico.

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Dengue X Leptospirose

A leptospirose é causada pela bactéria do gênero Leptospira através do contato com a urina de ratos contaminados. No caso de enchentes, o simples contato da pele e de mucosas com a água suja e a lama pode ser o suficiente para causar a infecção. Os sintomas são febre alta (acima de 38oC), que começa de maneira súbita, junto com calafrios, dores de cabeça e musculares (principalmente na região da panturrilha), falta de apetite, náusea e vômito e olhos vermelhos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) a considera uma doença negligenciada e subnotificada. Estima-se que, a cada ano, 500 mil novos casos ocorram em todo o mundo.

A leptospirose é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional. Ela deve ser feita já na suspeita tanto em casos de surtos quanto de um único caso, e o quanto antes, para que as ações de vigilância epidemiológica sejam iniciadas. Essas ações têm como objetivo controlar o foco para evitar que mais pessoas desenvolvam a doença. Em situações de catástrofes como a do Rio Grande do Sul, todo o sistema de saúde está em alerta para os casos suspeitos”, explica Emy Akiyama Gouveia, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, para a Agência Brasil.

Vale lembrar que período de incubação da leptospirose pode ser longo (chegando a 30 dias, apesar de a média ser de sete a 14 dias) e a contaminação também pode ocorrer de forma direta, pela ingestão de alimentos que entraram em contato com a urina contaminada.

“Por isso, podem existir situações em que o indivíduo não entrou em contato direto com a água da enchente, mas acaba desenvolvendo a infecção. Nas situações de catástrofes que envolvem inundações, a segurança dos alimentos é crítica, pois a contaminação pode ocorrer pelas condições inadequadas de armazenamento pela proliferação de roedores no local”, alerta Gouveia.

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A dengue, por outro lado, é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Os sintomas surgem depois de três a cinco dias e começam com febre alta repentina (entre 38º e 40oC), acompanhada de dores de cabeça, nas articulações e atrás dos olhos, prostração, falta de apetite e náusea. O mosquito se adaptou ao ambiente urbano e se reproduz facilmente, inclusive em água parada com matéria orgânica – como é o caso na Região Sul atualmente.

Diagnóstico através dos sintomas

Como as duas doenças apresentam sintomas semelhantes, é importante procurar atendimento médico e realizar o teste para confirmar o diagnóstico. “Há um ponto crítico: no momento epidemiológico que o Rio Grande do Sul enfrenta, as duas infecções podem coexistir no paciente. Por isso é tão importante que as pessoas procurem o atendimento médico diante de qualquer sintoma sugestivo, para poder descartar os quadros de gravidade”, orienta Gouveia.

O diagnóstico da leptospirose é feito com a coleta de amostra de sangue para a avaliação da presença de anticorpos. De acordo com a médica, outros exames inespecíficos auxiliam na avaliação da gravidade, como exames de sangue para a avaliação da coagulação, do rim e do fígado e o eletrocardiograma, entre outros, que podem ser indicados de acordo com a condição clínica do paciente.

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Já para a confirmação de dengue, o quadro clínico do paciente  é o principal condutor, e, em alguns casos, são realizados exames laboratoriais, como hemograma, pesquisa de anticorpos produzidos contra o vírus, pesquisa de antígenos e exames bioquímicos.

A leptospirose pode se manifestar em quadros assintomáticos, leves (que só requerem o tratamento ambulatorial) ou graves, com o comprometimento do fígado (pele amarelada), dos rins, com quadros de insuficiência renal (eventualmente com a necessidade de hemodiálise), dos pulmões e do sistema nervoso. “No caso da leptospirose, quanto antes o tratamento antibiótico for iniciado, melhor. Em casos mais leves, o paciente pode receber a medicação em casa, por via oral. Nos casos graves, é preciso usar antibióticos endovenosos”, orienta Gouveia.

Já nos casos de dengue, muitos serão assintomáticos ou leves. Não há um antiviral específico para combater o vírus e o tratamento consiste basicamente em hidratação, repouso e uso de medicamentos para o controle da febre e da dor. O paciente pode usar o paracetamol ou a dipirona (quando não houver a contraindicação de uso).

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