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Descubra como prevenir a transmissão de doenças em época de enchentes

A água contaminada pode conter uma grande quantidade de microrganismos causadores de doenças como cólera, febre tifoide, hepatite A, giardíase, amebíase, gastroenterites diarreicas e esquistossomose.

Descubra como prevenir a transmissão de doenças em época de enchentes
(Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Fortes chuvas combinadas com habitação desordenada e instalações insuficientes de redes de água e esgoto, podem resultar em enchentes. Além de tirarem bens materiais das pessoas, essas enchentes podem trazer riscos diretos à saúde da população por meio de doenças. Descubra quais são os sintomas e as prevenções das doenças mais comuns decorrentes de enchentes.

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Tétano

O tétano pode ser contraído em acidentes com entulhos. Para evitar o contágio, é preciso usar luvas e botas durante o manejo dos entulhos, para proteger mãos, braços, pés e pernas.

Sintomas: rigidez muscular em todo o corpo, dificuldade para abrir a boca e para engolir, riso convulsivo involuntário, produzido por espasmos dos músculos da face.

Tratamento: para tratar a doença são utilizados antibióticos, relaxantes musculares, sedativos ou imunoglobulina antitetânica.

Leptospirose

A leptospirose é causada por uma bactéria transmitida pelo contato com água ou lama contaminada com a urina de animais infectados, principalmente de ratos. As enchentes levam essa água contaminada para as ruas, aumentando os riscos de contágio.

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Ela acontece por meio do contato com a pele ou pela ingestão de alimentos e líquidos contaminados.

Prevenção: além de evitar o contato com a água das enchentes, é necessária a limpeza dos ambientes e das roupas molhadas pela água potencialmente contaminada.

Sintomas: febre, dor de cabeça e no corpo, principalmente nas panturrilhas. Algumas pessoas podem apresentar vômitos, diarreia e tosse. E, nas manifestações mais graves da doença, o paciente pode ter icterícia, que é a coloração amarelada da pele e dos olhos.

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Hepatite A

A contaminação pela hepatite A acontece pela via fecal-oral, ou seja, por meio do contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados, especialmente no contexto das chuvas. Por conta disso, a doença costuma se propagar em regiões com condições precárias ou inexistentes de tratamento de água e esgoto.

Prevenção: as principais formas de prevenir essa doença são a melhoria da rede de saneamento básico e a adoção de hábitos de higiene, como a lavagem regular das mãos e dos alimentos consumidos crus, além da limpeza de pratos, copos e talheres.

Sintomas: a infecção nem sempre é sintomática, mas os pacientes podem sentir cansaço, tontura, enjoo, vômitos, febre, dor abdominal, além de apresentarem pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Os sintomas costumam aparecer entre duas e seis semanas e duram menos de dois meses.

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Água contaminada

A água contaminada pode conter uma grande quantidade de microrganismos causadores de doenças como cólera, febre tifoide, hepatite A, giardíase, amebíase, gastroenterites diarreicas e esquistossomose.

As manifestações mais comuns dessas doenças são febre: vômitos e diarreia.

As principais medidas de prevenção, além de evitar o contato com água e lama contaminadas, são: tomar somente água tratada, da rede de abastecimento local, limpar adequadamente a caixa-d’água a cada seis meses, preparar alimentos com água própria que esteja dentro do padrão de potabilidade e lavar as mãos antes de manipular alimentos e das refeições, e após ir ao banheiro.

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Além disso, na ausência de água da rede de abastecimento local, o Ministério da Saúde recomenda filtrar e desinfetar a água disponível com solução de hipoclorito de sódio (duas gotas de hipoclorito de sódio a 2,5% por litro de água) e consuma após 30 minutos. Outro procedimento é filtrar e ferver a água por 5 minutos.

Doenças respiratórias

A destruição das moradias de inúmeras famílias devido a inundações e deslizamentos faz com que as pessoas tenham que se alojar na casa de parentes e amigos ou em abrigos públicos. A aglomeração favorece a transmissão de doenças respiratórias, como a Covid-19 e a gripe comum.

Transmissão: acontece entre pessoas, a partir do contato com saliva e secreções respiratórias contaminadas durante a tosse ou o espirro.

Prevenção: as medidas são as mesmas recomendadas desde o início da pandemia: uso de máscara, higienização das mãos com água e sabão, uso de álcool gel, manter os espaços ventilados, manutenção do distanciamento sempre que possível, e adesão à vacinação contra a Covid-19 e a gripe.

Animais peçonhentos

Eventos naturais como as fortes chuvas podem levar ao aparecimento de animais peçonhentos, como serpentes, escorpiões e aranhas. No caso de acidentes com animais peçonhentos, os especialistas recomendam buscar, o mais rápido possível, saber quais serviços de saúde próximos à residência oferecem a aplicação de soros e evitar qualquer tipo de intervenção como o uso de torniquete, chupar a ferida ou aplicar substâncias no local por conta própria.

Prevenção: limpeza dos ambientes domésticos, como quintais, além de sacudir roupas e sapatos antes de usar.

Aedes aegypti

O acúmulo de água parada pode favorecer a proliferação do mosquito. Os ovos do inseto podem permanecer em ambientes secos por mais de um ano. Eles encontram na água acumulada um ambiente adequado para dar continuidade ao ciclo de vida, que ainda inclui as fases de larva, pupa até o mosquito adulto.

“O acúmulo dessa água faz com que haja um ambiente propício para a proliferação desses vetores e o surto de doenças como dengue, Zika e chikungunya”, afirma a pesquisadora Nelzair Vianna, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Bahia.

Prevenção

Algumas doenças causadas pelo contato com água ou alimento contaminado ou entre os indivíduos, principalmente em ambientes com aglomeração, como nos abrigos, podem ser prevenidas com vacinas. Alguns exemplos são: diarreia por rotavírus, influenza, meningite, rubéola e tétano.

Saúde mental

Além das doenças citadas anteriormente, também é necessário que ficar atento à saúde mental, já que acontecimento de uma enchente e de deslizamentos em geral está relacionado a um evento traumático envolvendo a perda de bens materiais e de entes queridos. Os incidentes podem trazer grave sofrimento e afetar de forma significativa a qualidade de vida dos indivíduos.

“As pessoas tendem a adoecer mais, não só fisicamente, mas emocionalmente. Os quadros de depressão, ansiedade e de pânico pela situação pós-traumática são muito graves e têm que ser tratados com a mesma seriedade que todas as doenças clínicas”, afirma a médica Roberta França.

Portanto, é muito importante procurar ajuda especializada caso seja percebido algo, para prevenir e tratar esses quadros.

“Fizemos um trabalho de acolher as pessoas que estavam recebendo as notícias tanto das suas casas quanto dos seus parentes e amigos que haviam sofrido diretamente com o deslizamento e a enchente. Fizemos um acolhimento para acalmar, tentar dar um pouco de conforto e de segurança nesse momento”, disse Julia Morelli Rosas, diretora da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que atua no atendimento da população desde o início da tragédia em Petrópolis.

Litoral Norte

Chuvas fortes e prolongadas atingiram o litoral lorte esta semana e provocaram inundações, deslizamentos de terra e isolaram a região no final de semana. Pelo menos 44 pessoas morreram e 49 estão desaparecidas. O temporal atingiu cidades do litoral como São Sebastião, Ilhabela, Ubatuba e Caraguatatuba.

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