Diretor da OMS: “Próxima pandemia não é uma questão de ‘se’, mas sim de ‘quando'”

ele indicou que ela pode ser causada por um vírus da gripe, por um novo coronavírus ou por uma doença ainda desconhecida, o que é chamado de “Doença X”

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que "a próxima pandemia é uma questão de quando, não de se ocorrerá".
As declarações de Tedros ocorreram durante a Cúpula Mundial de Governos – Créditos: AFP

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que “a próxima pandemia é uma questão de quando, não de se ocorrerá”. Além disso, ele indicou que ela pode ser causada por um vírus da gripe, por um novo coronavírus ou por uma doença ainda desconhecida, o que é chamado de “Doença X”.

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As declarações de Tedros ocorreram durante a Cúpula Mundial de Governos, um evento anual que está acontecendo em Dubai, Emirados Árabes Unidos. Nesse encontro, o diretor da organização internacional enfatizou que, apesar dos “progressos” na fase da Covid-19, o mundo “não está preparado para uma pandemia”.

“O ciclo de pânico e negligência está começando a se repetir. As lições dolorosas que aprendemos correm o risco de serem esquecidas quando a atenção se volta para as muitas outras crises que nosso mundo enfrenta. Mas se não aprendermos essas lições, pagaremos caro da próxima vez”, enfatizou.

E acrescentou: “A história nos ensina que a próxima pandemia é uma questão de quando, não de se ocorrerá. Pode ser causada por um vírus da influenza, um novo coronavírus ou por um novo patógeno que nem mesmo conhecemos ainda: o que chamamos de ‘Doença X'”.

O diretor da OMS esclareceu que ultimamente houve muita atenção dada à ‘Doença X’, mas que “não é algo novo”. Esse termo foi usado pela primeira vez em 2018 como um marcador de posição para uma doença que nem mesmo é conhecida ainda, mas para a qual, no entanto, é possível se preparar.

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“A Covid-19 era uma ‘Doença X’, um novo patógeno que causava uma nova doença. Mas haverá outra ‘Doença X’, ou uma ‘Doença Y’, ou uma ‘Doença Z’. E, da forma como as coisas estão, o mundo ainda não está preparado para a próxima ‘Doença X’ e a próxima pandemia”, insistiu Tedros. Nesse sentido, ele considerou que “se acontecesse amanhã”, o mundo enfrentaria muitos dos mesmos problemas que enfrentou com a Covid-19.

Acordo Internacional sobre Preparação e Resposta a Pandemias

Em dezembro de 2021, os Estados Membros da OMS se reuniram em Genebra e concordaram em elaborar um acordo internacional sobre preparação e resposta a pandemias, um pacto legalmente vinculativo para trabalhar em conjunto com o objetivo de manter-se seguro e proteger os outros.

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Os países estabeleceram um prazo para concluir o acordo a tempo de sua adoção na Assembleia Mundial da Saúde em maio deste ano. Ou seja, restam apenas 15 semanas para alcançar a data limite.

No entanto, de acordo com Tedros, atualmente existem “dois grandes obstáculos” para cumprir esse prazo. O primeiro é um conjunto de questões sobre as quais os países ainda não chegaram a um consenso.

O segundo obstáculo é “a série de mentiras e teorias conspiratórias sobre o acordo: que é uma tomada de poder pela OMS; que cederá soberania à OMS; que concederá poder à OMS para impor bloqueios ou mandatos de vacinação aos países; que é um ataque à liberdade; que a OMS não permitirá que as pessoas viajem; e que a OMS quer controlar a vida das pessoas”, lamentou o diretor-geral da organização de saúde.

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Para Tedros, essas “mentiras” colocam em perigo a saúde da população mundial. “Essas alegações são totalmente, completamente e categoricamente falsas. O acordo sobre pandemias não concederá à OMS nenhum poder sobre nenhum Estado ou indivíduo”, afirmou.

“Não podemos permitir que este acordo histórico, este marco na saúde mundial, seja sabotado por aqueles que propagam mentiras, deliberadamente ou sem saber”, enfatizou Tedros. Nesse sentido, ele lembrou que a OMS não impôs nada a ninguém durante a pandemia de Covid-19. “Nem lockdowns, nem mandatos de máscaras, nem mandatos de vacinação. Não temos poder para fazer isso, não queremos e não estamos tentando conseguir”, insistiu.

Portanto, ele enfatizou que o trabalho da organização é “apoiar os governos com orientação baseada em evidências, aconselhamento e, quando necessário, fornecimento de suprimentos, para ajudá-los a proteger sua população”.

Longe de ceder soberania, o acordo afirma a soberania nacional e a responsabilidade nacional em seus princípios fundamentais. Na verdade, o pacto é “por si só um exercício de soberania”. São os compromissos que os países assumem para se protegerem e protegerem uns aos outros contra as pandemias.

O que é a “Doença X”?

No início deste ano, a OMS emitiu um sério alerta sobre uma “Doença X” desconhecida que poderia resultar em 20 vezes mais mortes do que a pandemia de Covid-19. No entanto, esclareceram que não se trata de uma nova doença, mas que utilizam esse termo desde 2018 para se referir hipoteticamente a um patógeno ainda desconhecido que possa causar uma “epidemia internacional” no futuro.

“A Doença X representa o entendimento de que uma epidemia internacional grave poderia ser causada por um patógeno atualmente desconhecido como causador de doenças em humanos, originado por um patógeno hipotético que poderia resultar em 20 vezes mais mortes do que a pandemia”, indicou a organização.

No entanto, eles descartaram que se trate de uma nova epidemia, mas sim que o termo é utilizado como uma metáfora para conscientizar sobre a necessidade de abordar programas coordenados de saúde pública para reduzir o risco de que epidemias se tornem pandemias.

“A hipotética ‘Doença X’ está na lista de ‘doenças prioritárias para pesquisa e desenvolvimento em contextos de emergência’ da OMS desde 2018, e a organização enfatizou que se trata de uma hipótese e que a doença ‘não existe'”, aponta Newtral.

Na apresentação no Fórum Econômico Mundial em janeiro passado, a OMS também enumerou oito prioridades de saúde pública que precisarão ser abordadas nos próximos anos: Covid-19, Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo, doença pelo vírus Ebola e doença pelo vírus de Marburg, febre Lassa, Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), Nipah e doenças henipavirais, febre do Vale do Rift e Zika.

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