A especialista em gestão de saúde pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lígia Bahia, disse à CNN nesta segunda-feira (31), que depois do Brasil ter atingido a marca de 1 milhão de casos semanais de Covid-19, ainda continua tendo uma expansão bem considerável da variante Ômicron pelo país, em especial na direção do interior.
Para prevenir colapsos no sistema de saúde, seja em enfermarias ou nos Centros de Terapia Intensiva (CTI), a especialista diz que é preciso se “antecipar” a esse novo movimento da pandemia.
“Temos um prognóstico mais favorável, a gente imagina que já tenha platô [de casos] nas cidades, mas a Ômicron está interiorizando. Uma pandemia tem uma dinâmica. O que a gente precisa fazer é se antecipar a ela: como sabe que está se interiorizando, temos que abrir leitos nesses locais”, declarou.
Para Lígia, ainda falta “coordenação, planejamento e capacidade de antecipar uma resposta” por parte dos sistemas de saúde. Porém, a responsabilidade não recai sobre os profissionais que estão trabalhando na linha de frente. “A gente gastou mais, houve mais recursos, mas pouca expansão da oferta de recursos públicos para a saúde. Isso é ruim para o Brasil”, afirmou.
Ela ainda analisa existir uma “emergência” em como o país deve “entrar em uma estrada que nos leve para o melhor sistema público de saúde”. Em seus entendimentos, não tem esse movimento por parte das autoridades públicas.
“O problema não é a pandemia, é o dia a dia, pessoas que enfartam, quebram braço, ações simples que necessitam de atendimento de urgência e emergência. Em sua maioria, as emergências estão muito precárias. Os profissionais estão exaustos, muitos sequer recebem salário no dia certo”, disse.
“É perigoso hoje a gente sofrer um acidente e sermos atendidos nas emergências públicas do Brasil, e isso já foi diferente”, declarou.
Segundo dados divulgados pela Fiocruz no dia (26) de janeiro, o último boletim disponível,6 estados e o Distrito Federal haviam passado dos 80% ou mais dos leitos de UTI ocupados. De acordo com o G1, a pior taxa está no DF, com índice de 98%. O crescimento em pontos percentuais foi visto também no Amapá. 12 estados ficaram na zona de alerta intermediário, e somente 8 não entraram na zona de alerta.
Estados com ocupação crítica nos leitos de UTI:
Distrito Federal (98% de ocupação)
Rio Grande do Norte (83% de ocupação)
Goiás e Piauí (82% de ocupação)
Pernambuco (81% de ocupação)
Espírito Santo e MAto Grosso do Sul (80% de ocupação)
Estados com nível de alerta intermediário na ocupação dos leitos de UTI:
Mato Grosso (78% de ocupação)
Tocantins (77% de ocupação)
Pará (76% de ocupação)
Amazonas e Ceará (75% de ocupação)
Roraima (70% de ocupação)
Amapá (69% de ocupação)
Bahia (67% de ocupação)
São Paulo (66% de ocupação)
Rondônia (65% de ocupação)
Rio de Janeiro (62% de ocupação)
Paraná (61% de ocupação)
Amazonas, Bahia, Ceará, Pará, Roraima e Tocantins já estavam com alerta intermediário.
Estados fora da zona de alerta:
Rio Grande do Sul e Maranhão: 57%
Alagoas e Santa Catarina: 53%
Acre: 45%
Paraíba e Minas Gerais: 28%
Sergipe: 25%
A taxa de ocupação de leitos clínicos chegou a 93% (27 ocupados, considerando o total de 29 leitos de Enfermaria) em retaguarda no Hospital Dom Vicente Zico. Já a ocupação de leitos de UTI é de 80% (Ocupados: 4 considerando o total de 5 leitos de UTI) na rede de retaguarda.
— Prefeitura de Belém (@prefeiturabelem) January 29, 2022
???? pic.twitter.com/guLXcZRP7T