MENTAL

Esquizofrenia lidera entre os casos atendidos nos Caps de São Paulo

Outras condições são bastante diagnosticadas, como o transtorno afetivo bipolar, que afetou 27.378 pessoas nesse intervalo de tempo, e episódios depressivos, com 22.038 casos relatados

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Ilustração – Créditos: depositphotos.com / Kubko

A esquizofrenia é a condição mais frequente nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) para adultos na cidade de São Paulo. No período entre janeiro de 2022 e julho de 2024, 73.506 pacientes buscaram atendimento nas 34 unidades disponíveis na capital. Esses centros oferecem um serviço essencial, sem fila de espera, onde os pacientes podem chegar para atendimento imediato ou ser encaminhados por outras unidades de saúde, como as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) ou UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento).

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Além da esquizofrenia, outras condições são bastante diagnosticadas nos Caps, como o transtorno afetivo bipolar, que afetou 27.378 pessoas nesse intervalo de tempo, e episódios depressivos, com 22.038 casos relatados. A importância desses centros é vital, não apenas pelo número de pessoas atendidas, mas pelo papel crucial que desempenham no apoio à saúde mental dos paulistanos.

Como os Caps ajudam no tratamento da esquizofrenia?

Mas, o que exatamente faz dos Caps um alicerce tão importante na luta contra a esquizofrenia? De acordo com o psicanalista Artur Costa, da Associação Brasileira de Psicanálise Clínica, um dos principais sintomas da esquizofrenia é a distorção da realidade através de alucinações visuais ou auditivas. Os pacientes podem vivenciar experiências como ouvir vozes ou sentir que estão sendo perseguidos, um fenômeno conhecido como paranoia.

Embora a esquizofrenia não tenha cura, é possível controlar seus sintomas. Isso se dá através de uma combinação de medicamentos antipsicóticos e terapias, como psicoterapia, reabilitação psicossocial e terapia ocupacional. Quanto mais cedo se inicia o tratamento, melhor é a qualidade de vida do paciente, que pode manter suas atividades diárias como trabalhar e estudar.

Importância do diagnóstico

Para diagnosticar a esquizofrenia, os Caps realizam um acolhimento inicial onde o paciente é ouvido por um profissional de saúde. A psiquiatra Claudia Longhi, diretora da Divisão de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde, destaca que após essa fase, é elaborado um plano de atendimento que inclui acompanhamento médico constante e participação em grupos de apoio. Essa abordagem garante que todos os aspectos da condição do paciente sejam tratados.

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  • Os Caps oferecem opções de tratamento flexíveis, podendo o paciente:
  • Permanecer no centro de segunda a sexta-feira.
  • Participar de atividades semanais, como grupos de apoio.
  • Ficar em regime de acolhimento 24 horas, se necessário.

O diagnóstico de esquizofrenia geralmente aparece no final da adolescência ou início da fase adulta. Sua identificação requer uma equipe multidisciplinar, com a avaliação principal de um psiquiatra. Artur Costa menciona que características como a dificuldade do paciente em expressar emoções ou manter uma linha de pensamento coesa são observadas no diagnóstico.

Superação do preconceito

Cerca de 1,6 milhão de brasileiros convivem com a esquizofrenia, enfrentando, além dos desafios da doença, o preconceito que a cerca. Equivocadamente, muitos imaginam que estes pacientes são perigosos ou violentos. Claudia Longhi enfatiza a necessidade de enxergar além da doença, reconhecendo a humanidade e as vivências de cada indivíduo acometido.

Um exemplo de superação é o tradutor João Rosa de Castro, diagnosticado aos 24 anos com esquizofrenia, que hoje, aos 51, está em processo de alta no Caps. Ele conseguiu controlar seus sintomas e levar uma vida produtiva, trabalhando como tradutor diariamente e explorando hobbies como a escrita e a música.

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Os Caps de São Paulo, em parceria com associações como a Umane, continuam desempenhando um papel indispensável no suporte aos pacientes, promovendo uma saúde mental acessível e humanizada. A atenção à esquizofrenia e outros transtornos não apenas alivia sintomas, mas reafirma o valor da empatia e do cuidado na sociedade.

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