Stacey A’Hearne, uma jovem mãe de 25 anos residente em Blackwood, no País de Gales, está enfrentando uma situação desafiadora com sua filha devido a um diagnóstico recente de Picacismo. Esta condição rara leva Wynter, uma das duas crianças de Stacey, a consumir objetos não alimentares, incluindo partes da própria casa onde vivem.
“Ela está literalmente comendo a casa inteira”, disse Stacey em entrevista à imprensa britânica. Ela relata casos em que a menina arrancou pedaços do sofá novo da família, além de mastigar gesso das paredes e até mesmo tentar comer vidro. Esses comportamentos incomuns tornaram-se mais evidentes desde que Wynter, que também é autista, se tornou não-verbal.
Stacey observou pela primeira vez os hábitos alimentares peculiares da garota quando ela era apenas um bebê, mas na época não deu muita importância. No entanto, à medida que a menina crescia, esses desejos por objetos não convencionais começaram a se manifestar com mais frequência. Wynter foi encontrada consumindo espuma de estofado, roendo móveis e até mesmo mastigando o berço e cobertores durante a noite.
“Não importa o que aconteça, ela encontra uma maneira de comer coisas que não deveria”, lamenta a mãe. Ela estima que Wynter tenha quebrado cerca de oito porta-retratos e tentado comer o vidro. Apesar de Stacey monitorar de perto a filha para evitar lesões graves, enfrenta um desafio em tempo integral.
Em busca de ajuda, Stacey consultou vários profissionais médicos, que finalmente diagnosticaram Wynter com o transtorno alimentar. Embora os médicos tenham oferecido poucas soluções além do monitoramento cuidadoso, Stacey encontrou algum alívio ao adquirir um colar mastigável projetado especificamente para pessoas com Picacismo. Este colar oferece a Wynter uma alternativa segura para satisfazer seus desejos por diferentes texturas, sem o risco de danos à saúde.
Picacismo
O Picacismo é um transtorno alimentar raro em que a pessoa sente um desejo compulsivo por consumir objetos não alimentares, como pedaços de tecido, gesso, plástico, metal, entre outros, que geralmente não possuem valor nutricional. Essa condição pode ser perigosa, pois pode levar a danos físicos graves, como obstrução intestinal ou intoxicação por substâncias tóxicas.
O transtorno pode estar associado a outros distúrbios, como autismo ou deficiência intelectual, e geralmente requer acompanhamento médico e terapêutico especializado para gerenciar os sintomas e evitar complicações.
No blog da InJQ (Instituto de Neurociências Dr. João Quevedo), a psiquiatra Kelen Cancellier Cechinel Recco explica que, assim como outros transtornos alimentares, o Picacismo é uma condição de saúde mental que influencia os hábitos alimentares de uma pessoa, causando desconforto e potencialmente levando a complicações de saúde adicionais. Portanto, requer intervenção psiquiátrica para tratamento adequado.
Apesar dos desafios enfrentados, Stacey permanece determinada a encontrar soluções para ajudar sua filha a lidar com esse distúrbio incomum.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini