impactos das enchentes

Políticas públicas de saúde mental são fundamentais nas tragédias, afirmam especialistas

Em situações de normalidade, o transtorno de ansiedade atinge cerca de 13% dos brasileiros; País é campeão mundial em depressão

Políticas públicas de saúde mental são fundamentais nas tragédias, afirmam especialistas
Mobilização para ajudar Rio Grande do Sul – Créditos: Divulgação/PMPA

Durante um debate na Câmara dos Deputados sobre os impactos da tragédia climática no Rio Grande do Sul na saúde mental dos trabalhadores, os participantes destacaram as estratégias mais adequadas para o atendimento dos atingidos.

Publicidade

Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), ressaltou que a ocorrência de transtornos mentais em desastres é de duas a três vezes maior que em situações normais, afetando entre 8% a 57% da população.

Em situações de normalidade, ele mencionou que o transtorno de ansiedade atinge cerca de 13% dos brasileiros, e destacou que o País é campeão mundial em depressão.

Quanto ao Rio Grande do Sul, Silva afirmou que o tratamento psíquico dos atingidos pelas enchentes terá de ser de longo prazo e dependerá de políticas do Estado.

“Nós precisamos que o Estado assuma e apresente o que vai fazer para este momento e para depois, para que a gente possa encaminhar essas pessoas, dar a essas pessoas a certeza de que haverá um atendimento específico e haverá continuidade. Não é para um mês, nós precisamos para meses e anos. Quem consegue bancar isso para meses e anos? Só o Estado”, afirmou.

Publicidade

Débora Noal, representante do Ministério da Saúde na audiência, apresentou as estratégias do órgão para atender a população afetada. Ela destacou a importância de fornecer informações precisas e adequadas para que as pessoas entendam a situação e a estratégia do poder público para solucionar os problemas.

“Uma das pernas da estabilização emocional é essa comunicação justa e precisa, porque informação de menos dá ansiedade e informação demais traz angústia”, pontuou.

Noal explicou que, ao planejar o atendimento, uma etapa crucial é consultar os serviços básicos de saúde para conhecer a prevalência de problemas mentais na população antes da tragédia.

Publicidade

Fragilidade

Em geral, entre 15% e 20% dos atingidos já apresentavam alguma fragilidade emocional anterior que pode se intensificar nesse momento.

Nessas situações, as equipes de saúde fariam uma busca ativa para conhecer as necessidades dessas pessoas, verificando se elas estão em abrigo seguro e se continuam tendo acesso às medicações ou tratamentos anteriores.

Caso contrário, a equipe investiga se elas precisam de ajuda para reestabelecer esses tratamentos. Além de oferecer atendimento psiquiátrico ou psicológico, Noal ressaltou a necessidade de reestruturar as redes de apoio dos pacientes.

Publicidade

“A gente vai fazer uma aproximação dessa rede de solidariedade, que é a família, os amigos, os vizinhos, os líderes comunitários, a gente vai para a rádio, para a televisão, para as igrejas, os cultos, para as estruturas onde tem vínculos de confiança com a informação que está sendo passada, e a gente informa para ela quais reações são esperadas nesse momento. E para aquelas que dizem: ‘eu não estou dando conta, eu sinto que eu preciso de ajuda’, a gente oferece os médicos generalistas, os assistentes sociais, os psicólogos, que estão nas unidades básicas de saúde”, explicou.

A audiência pública sobre os efeitos da calamidade na saúde mental de trabalhadores no Rio Grande do Sul foi organizada pelas comissões de Trabalho e de Saúde, a pedido da deputada Geovania de Sá (PSDB-SC).

Publicidade

Assine nossa newsletter

Cadastre-se para receber grátis o Menu Executivo Perfil Brasil, com todo conteúdo, análises e a cobertura mais completa.

Grátis em sua caixa de entrada. Pode cancelar quando quiser.