Nos últimos anos, o outono e o inverno têm sido marcados por mudanças bruscas de temperatura, um padrão que tende a se intensificar devido às mudanças climáticas. O Instituto Nacional de Meteorologia apontou que o inverno de 2023 foi o mais quente em seis décadas, com temperaturas acima de 30 °C seguidas de frio intenso. Esse fenômeno ocorreu recentemente no Rio Grande do Sul, onde, após fortes chuvas e enchentes históricas, as temperaturas caíram para perto de zero.
Essas variações extremas afetam o sistema imunológico, dificultando a resposta do corpo a invasores. Segundo infectologistas do Butantan, tanto o frio quanto o calor extremos impactam a eficiência do sistema imune, que é composto por uma complexa rede de células.
Estudos da Harvard Medical School mostram que o frio prejudica a resposta imunológica nas vias aéreas superiores, enquanto pesquisas da Universidade de Tóquio indicam que ondas de calor reduzem a produção de anticorpos e linfócitos, prejudicando a defesa contra vírus como o influenza. Além disso, o calor extremo afeta a função intestinal, aumentando o risco de infecções.
A variabilidade térmica também compromete o sistema de termorregulação do corpo, aumentando o risco de problemas cardiovasculares e respiratórios. Pesquisa da Universidade de Queensland revelou que mudanças bruscas de temperatura afetam batimentos cardíacos, pressão arterial e outros indicadores de saúde, evidenciando o impacto negativo das temperaturas instáveis na saúde humana.
Durante a temporada de outono/inverno, há um aumento nos casos de infecções respiratórias. No início de abril, o Brasil já registrava um crescimento nos diagnósticos de vírus sincicial respiratório (VSR) e influenza, conforme o Boletim InfoGripe da Fiocruz.
Esse aumento se deve a vários fatores: as vias respiratórias são suscetíveis às partículas no ar e os vírus respiratórios são mais prevalentes em temperaturas mais baixas. Entre abril e setembro, vírus como VSR, adenovírus, rinovírus e influenza circulam mais intensamente.