RaMano Brown, um dos fundadores dos Racionais MC’s, comemorou o aniversário de 54 anos cantando rap no meio de uma multidão no Capão Redondo, bairro onde cresceu, no extremo sul de São Paulo, na última segunda-feira (22).
“Forte abraço, Vila Fundão, Capão”, escreveu em legenda de vídeo em que aparece cantando “Vida Loka Pt 2”, dos Racionais.
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Além de rap, a festa teve samba com apresentação da bateria da Vai Vai. Brown desfilou na escola de samba no Carnaval deste ano, com enredo em homenagem ao hip hop. Nesta segunda, a Vai Vai fez uma homenagem ao artista dizendo que ele faz parte de um capítulo especial da escola.
O ídolo do rap brasileiro estava ao lado de seus filhos e sua esposa, a empresária Eliane Dias. Ela contou que Brown quis “iniciar um novo ciclo, do jeito mais leal e sincero, com só quem é”. “Sempre vale a pena saber de onde veio. Amei rever pessoas que seguem firmes vivendo um dia de cada vez”, completou.
Além da família e moradores do bairro, o cantor estava acompanhado do deputado estadual Eduardo Suplicy (PT). Ele publicou o momento nas redes sociais e lembrou dos anos de amizade entre os dois. “Celebrei ontem o aniversário do querido @manobrown em uma festa linda que contou com a animação do @vaivaioficial, no Fundão da Sul. Mais uma vez, fui bem recebido na ‘quebrada’ e levei meu abraço de parabéns ao meu amigo desde a década de 1990“, escreveu.
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Relembre a trajetória de Brown
Mano Brown, nome artístico de Pedro Paulo Soares Pereira, é rapper, compositor, empresário e apresentador. Nascido em São Paulo em 22 de abril de 1970, é filho de Ana Pereira Soares, que faleceu em 2016 mas se faz presente nas composições de seu filho. Em “Negro Drama”, Brown diz: “Aí, dona Ana, sem palavras, a senhora é uma rainha!”.
Ele ganhou o apelido Brown aos 16 anos nas rodas de samba, em que tocava repique de mão e fazia batidas inspiradas no funk estadunidense, assim motivando comparações com o músico James Brown (1933-2006). Aos 17, escreve a primeira letra, “Terror da vizinhança”, que não é gravada. Logo, forma sua primeira dupla, BB Boys, com Ice Blue.
Influenciado pelas críticas sociais de Thaíde e outros compositores que frequentavam a estação São Bento do metrô, ponto de encontro de jovens que se reuniam para dançar e fazer rap nos anos 1980 e 1990, Brown iniciou a transição para um discurso mais engajado. Logo conheceu Edi Rock e KL Jay no fim dos anos 1980 e, juntamente com Ice Blue, os quatro formam o Racionais MC’s.
Racionais MC’s
Seu discurso e postura mudam com o tempo. A princípio, nos primeiros anos de carreira, defendeu a escolha do Racionais MC’s de fazer shows apenas para o público pobre e não conceder entrevistas. A partir de 1999, abre exceções para revistas, jornais e programas de televisão. Nesse sentido, o grupo passa a se apresentar em redutos de classe média e alta. A gravação de “Umbabarauma”, promovida por uma marca de material esportivo, é justificada pelo cachê pago, além da oportunidade de gravar em parceria com seu ídolo Jorge Ben Jor, autor da música.
Em 2012, compõe “Mil faces de um homem leal” para um documentário, dirigido por Silvio Tendler, sobre o guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969). Além disso, como produtor, participa dos discos Provérbios 13 (2000), do grupo 509-E, e Supernova Samba Funk (2011), da Banda Black Rio.
Desde 2022, é apresentador do podcast “Mano a Mano”, onde entrevista personalidades diversas e promove a discussão de temas como música, negritude, política, saúde e futebol. Finalmente, em 2023 foi declarado ‘Ícone do Ano’ no Men Of The Year da GQ Brasil. “Obrigado vocês meus irmãos, a ideia é maior que nóis, faria tudo de novo, Laroye!”, escreveu em sua redes social.
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*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini