"estado laico"

Soraya desafia contadora de histórias que simulou aborto a encenar estupro

Em sessão de debate no Senado, atriz encenou o procedimento a partir da perspectiva de um feto

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Soraya Thronicke questiona e critica encenação de aborto durante debate no Senado – Créditos: Reprodução/Agência Senado

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) criticou a postura dos políticos no debate sobre aborto promovido no plenário do Senado nesta segunda-feira (17). Mais especificamente, a simulação de um aborto pela perspectiva de um feto encenada pela contadora de histórias Nyedja Gennari, trazida ao local pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE).

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Críticas de Soraya

No palanque, Thronicke desfaiou a Gennari a interpretar o estupro de alguma conhecida dos parlamentares. “Eu queria até o telefone, o contato daquela senhora que esteve aqui ontem, encenando aquilo que nós vimos. Sabe por quê? Porque eu quero ver ela encenando a filha, a neta, a mãe, a avó, a esposa de um parlamentar sendo estuprada. Eu quero que ela faça a encenação do estupro agora. Por que não? Se encenaram um homicídio aqui ontem, que encenem o estupro”, disse.

Soraya reforçou que é contra o aborto. Entretanto, lembrou que o Estado é laico e que, atualmente, o aborto é legal no Brasil em três situações específicas. O procedimento acontece em caso de estupro, anencefalia fetal ou de risco de morte à gestante.

“E não é obrigada a abortar quem foi estuprada e por acaso engravidou. Vai quem quer, de acordo com a sua fé, com a sua consciência. Por quê? Porque o Estado é laico“, afirmou.

Denunciando o machismo por trás do PL antiaborto, a senadora citou que o Sistema Único de Saúde realiza vasectomias para quem quiser, já que “ninguém delibera sobre o corpo dos homens”.

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Outros senadores também fizeram críticas ao debate organizado por Girão, como Teresa Leitão (PT-PE). “A menarca, senhores deputados, assim como a menopausa, gera um ciclo menstrual alterado. Como é que a menina vai saber que está grávida, porque a sua menstruação foi interrompida, se ela não sabe nem contar direito o seu ciclo menstrual? Quando vem se descobrir, já vai longe”, argumentou.

PL antiaborto

A convocação ao debate ocorre em meio a discussões nacionais sobre o PL antiaborto. Na última semana, a Câmara aprovou urgência de um projeto de lei que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples. Segundo o texto, mulheres que realizarem o procedimento poderiam pegar até 20 anos de prisão, mais que o dobro da pena máxima prevista para estupradores no Código Penal.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que a comparação é uma “inovação infeliz”. Ele ainda descreveu que o PL, da forma como está, não parece ser “minimamente viável”.

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