Não há questão que, muito possivelmente, mais corrói qualquer relação humana do que a ética, aliás, para ser mais preciso, a falta dela. A cada dia que passa, nos surpreendemos pelo fato dela ser considerada como algo de menor relevância. Muitas vezes, limitada a estar descrita apenas em manuais ou ordens de boas práticas a serem adotadas.
Cabe ressaltar, no entanto, que a presença da ética por si só não costuma ser um garantidor de que bons valores estão sendo disseminados. A explicação para isso é clara e evidente. Até mesmo as famílias mais mafiosas da história sempre se pautaram pela existência da ética, como requisito essencial para sua sobrevivência, ainda que os valores defendidos jamais tenham sido os mais, digamos, devidos.
O que deixa esse assunto mais espinhoso é o fato das pessoas costumarem colocar os seus princípios à frente dos demais, desrespeitando um preceito tão básico do interesse coletivo estar à frente do individual. Sim, isto também é ética. Além disso, outra questão preocupante quando este tema é destacado, diz respeito ao fato que, ainda que possamos estar precavidos, sermos surpreendidos com exemplos muito desagradáveis sobre sua ausência. Pessoas aparentemente legais, com voz bem postada, conversa inteligente e sorriso sempre confiante, se vendem como adeptas aos mais honestos padrões éticos, ainda que, na verdade, estejam muito longe de seguir quaisquer desses preceitos.
Não que deva existir uma regra clara a respeito, no entanto, cabe muito estarmos alertas que a falta de ética pode estar associada a coisas que, às vezes, podem até nos agradar. Uma armadilha. Mas pode ser ainda pior, uma vez que não há vacina, conhecida, que possa ser tomada para preveni-la. O que há, às vezes, é a possibilidade de criarmos certos anticorpos para isso. Eu particularmente, costumo usar uma regra básica, embora repleta de pré-conceito, “sorriso curto e fácil é um perigo”.
Sempre que possível, devemos incentivar que tudo seja feito da forma mais transparente possível. Ao fazer parte de um grupo, é importante promover o entendimento mútuo sobre o grau de motivação de cada participante, em prol da ética e, principalmente, ter a ciência a respeito dos valores que costumam mover a cada um de seus elementos. Não quero dizer, com isso, que não possam existir interesses bem distintos entre as pessoas que trabalham juntas e desenvolvem as mesmas atividades, no entanto, que todos estejamos cientes sobre isso e que o coletivo seja sempre priorizado.
Lamentavelmente se uma relação, seja ela qual for, não é pautada pela ética, ela estará fadada ao fracasso, a não ser obviamente que haja o afastamento daqueles que, covardemente, teimam em colocar seus interesses privados, muitas vezes pouco republicanos, à frente. Quando este tipo de situação acontece, gosto sempre de mencionar o que minha mãe me aconselha: “Melhor ficar amarelo no começo, do que vermelho no final”.
O papel de disseminar a ética em cada canto do mundo está dentro de cada um de nós, não necessariamente precisamos gritar por todos os lados, mas, com certeza, sermos meios disseminadores, elementos de transformação, mesmo que algumas vezes chatos, que promovam isso em cada pequena ação sobre a qual fazemos parte.
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*Consultor em Gestão de Projetos, Pessoas e Inovação.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Perfil Brasil.