MEIO AMBIENTE

Desmatamento no Cerrado teve alta de quase 90% em dezembro; em 2022 foi de 20%

A região “Matopiba” respondeu por 62% da área desmatada no bioma no último mês do ano.

Desmatamento no Cerrado teve alta de quase 90% em dezembro; no ano foi de 20%
Maior parte do desmatamento do Cerrado ocorre em propriedades privadas (Crédito: Canva Fotos)

O Cerrado sofreu com o desmatamento em dezembro do ano passado. Quase 84 mil hectares (840 km²) foram derrubados, representando uma alta de 89% com relação ao mesmo mês de 2021. O bioma tem cerca de 2 milhão de km² e se distribui por todas as regiões brasileiras, inclusive em pequenas porções da região Sul, no estado do Paraná.

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Os números do desmatamento são do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD), ferramenta de monitoramento do bioma desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) em parceria com a rede MapBiomas e com o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG), da Universidade Federal de Goiás (UFG).

O SAD revelou que, em 2022, o desmatamento do Cerrado foi quase 20% maior do que em 2021 (com 691.296 ha derrubados), totalizando 815.532 hectares desmatados (8.155 km²). A área é equivalente às dos 39 municípios que compõem a Região Metropolitana de São Paulo.

No biênio 2021-2022, o Maranhão segue liderando como o estado que mais desmata, com destaque negativo para o município de Balsas (MA): se em 2021 se desmataram 14.527 ha, em  2022, os números chegaram a 24.581 ha (crescimento de quase 60%). Dezembro foi  o mês que marcou o pico do desmatamento em 2022, totalizando 3.948 ha.

Campeões de desmatamento

A devastação da vegetação nativa em Tocantins se sobressai quando comparada aos meses de dezembro dos dois últimos anos. Foram 2.650 ha, em 2021, e 20.257 ha em 2022; o índice é quase oito vezes maior.

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Os municípios que aparecem no topo da lista em 2022 são Balsas (MA), São Desidério (BA) com 17.187 ha, e Alto Parnaíba (TO) com 11.112 ha – todos localizados na região do Matopiba (regiões de limites entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Em dezembro de 2022, foram 52.263 ha desmatados nesta região, representando 62% do total desmatado neste mês.

“Matopiba é a região com os últimos grandes remanescentes de Cerrado, mas também é a principal fronteira agrícola no bioma nos últimos anos, principalmente para soja”, afirma a pesquisadora do IPAM que atua no SAD Cerrado, Tarsila Cutrim Andrade. “Essa é a região onde se deveriam focar esforços para combater e reduzir o desmatamento no bioma”.

Propriedades privadas

Os dados do SAD Cerrado mostram que a maior parte do desmatamento no bioma ocorre em propriedades privadas. Em 2022, cerca de 80% da área desmatada está nesta categoria. O restante está em vazio fundiário (13,5%), assentamentos (4,5%) e áreas protegidas (3,6%).

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“Para combater o desmatamento no Cerrado, é necessário que exista uma ação conjunta entre setores privado, financeiro, e governos Estadual e Federal. Além de intensificar a fiscalização, é crucial que planos importantes sejam retomados, como o PPCerrado [Plano de ação para prevenção e controle do desmatamento e das queimadas no Cerrado]. O governo atual sinalizou que irá retomar essas ações, o que pode significar uma oportunidade”, afirma a pesquisadora no IPAM e coordenadora científica do MapBiomas, Julia Shimbo.

 

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