crimes ambientais

Fazenda de “Terra e Paixão” é acusada de desmatamento

Localizado em Deodápolis, no Mato Grosso do Sul, o terreno é administrado pela família Rocha, dona da empresa Valor Commodities

A Fazenda Annalu, na qual a Rede Globo gravou a atual novela das 21h, "Terra e Paixão", que se encerra nesta sexta-feira (19), está envolvida em diversos processos criminais, envolvendo a prática de crimes ambientais, como desmatamento.
Terreno tem mais de mil hectares – Créditos: De Olho nos Ruralistas/YouTube

A Fazenda Annalu, na qual a Rede Globo gravou a atual novela das 21h, “Terra e Paixão”, que se encerra nesta sexta-feira (19), está envolvida em diversos processos criminais, envolvendo a prática de crimes ambientais, como desmatamento.

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Localizado em Deodápolis, no Mato Grosso do Sul, o terreno é administrado pela família Rocha, dona da empresa Valor Commodities. Em 2019, uma vistoria do Ministério Público do Mato Grosso do Sul concluiu a prática de desmatamento em Reserva Legal e degradação de Área de Preservação Permanente (APP). Em 2022, abriu-se um inquérito para investigar as infrações cometidas no território.

Histórico de crimes

Em 2000, Nilton Nilton Rocha Filho recebeu três autuações do Ibama pelo desmatamento de 194 hectares de uma reserva florestal em Dourados, MS, totalizando R$ 364 mil.

Em 2003, Nilton adquiriu o terreno da Fazenda Annalu e a geriu até 2005, quando vendeu para a distribuidora de grãos Granol.

Seu neto, Lelinho, readquiriu a propriedade em 2016. Também compraram e anexaram a Fazenda Prateada, estendendo o território em 633 hectares.

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De acordo com documentos obtidos pelo observatório De Olho nos Ruralistas, o MPMS emitiu, em 2022, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) contabilizando as infrações ambientais desde a recompra pela família Rocha. As investigações começaram em 2016, após imagens por satélite exibirem áreas desmatadas no terreno.

A análise concluiu que a área de reserva legal (RL) do terreno era apenas de 7,5%, menos da metade do mínimo de 20%, instaurados no Código Florestal Brasileiro.

No território, foram instalados 54 drenos para alimentar as estruturas de piscicultura da fazenda. Nenhum aval foi emitido para a realização do projeto, o que resultou na alteração do leito do Rio Dourados, do qual os drenos provinham. Apenas em 2021 uma licença de operação pelo Instituto do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (Imasul) foi emitida.

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Os proprietários também foram acusados de irregularidades no uso, armazenamento e descarte de defensores agrícolas. Na vistoria de 2019, agentes afirmaram que a zona de aplicação dos produtos estava “contígua às áreas propostas para comporem a Reserva Legal da propriedade e distante cerca de 20 metros de áreas úmidas”. Havia casas a 15 metros de distância das lavouras.

O TAC também constata que o armazenamento dos defensores agrícolas descumpre a norma ABNT NBR 9843-3 em sua totalidade. “A cobertura do depósito apresentava-se em mau estado de conservação, a construção foi edificada principalmente em madeira e alambrado e não havia sistema de contenção de resíduos”.

Mesmo dois anos após a assinatura do termo pelos proprietários, as irregularidades não foram sanadas.

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