FORTUNA EM FAMÍLIA

Patrimônio de R$ 6 bilhões do ‘Rei da Soja’ é disputado por herdeiros

Assinaturas possivelmente falsas e doações de bens supostemente duvidosas são motivos para uma revisão no processo de herança

Patrimônio de R$ 6 bilhões do 'Rei da Soja' é disputado por herdeiros
O patriarca da família Maggi, considerado ‘Rei da Soja’, faleceu em 2001 e deixou grande patrimônio aos herdeiros em empresas e fazendas do setor (Crédito Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um patrimônio de R$ 6 bilhões é alvo de disputa entre herdeiros de André Maggi, considerado o “Rei da Soja” e falecido em 2001 com avançado estágio de Parkinson. A esposa Lúcia Maggi, os filhos e os genros assumiram os negócios desde então.

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Uma descoberta tem afetado integrantes da família e pode interferir no futuro de um dos maiores conglomerados de empresas do agronegócio do mundo. As empresas atuam em vários países, além do Brasil: China, Argentina, Paraguai, Holanda, Noruega, Suíça e Cingapura.

No montante de R$ 6 bilhões, estão incluídas as principais empresas do grupo: a Agropecuária Maggi e a Sementes Maggi; ambas são alvos da disputa entre herdeiros.

No dia em que André Maggi, o patriarca da família, morreu, uma filha concebida fora do casamento passou a ser reconhecida pelos irmãos. Ela teria sido orientada a fazer um exame de DNA. Carina Maggi nasceu em 1981.

Desde criança ela tinha ciência que era filha de André Maggi. Porém, preferiu viver discretamente, com uma “pensão informal”.

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Depois que a paternidade foi reconhecida, Carina passou a usar o sobrenome Maggi e foi chamada para a partilha do patrimônio. Sem conhecimento em questões jurídicas, ela concordou com o valor proposto de R$ 1,9 milhão (valor hoje equivalente a R$ 10,6 milhões).

Carina e marido se tornaram produtores de soja. Recentemente precisou tratar de assuntos ligados ao falecido pai. Ela teve acesso a documentos das empresas que eram dele.

A herdeira se surpreendeu ao saber das mudanças na composição societária das firmas meses antes da morte. Além do fato de que assinaturas, segundo ela, teriam sinais de falsificação. Antes de morrer, o pai “doou” para a esposa as cotas que tinha nas duas principais empresas do grupo. Esses itens não entraram na partilha de bens entre os filhos.

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“No patrimônio dessas empresas estavam as maiores fazendas, camionetes, caminhões, máquinas agrícolas que custam milhões de reais, tudo de alto valor. Uma aparente manobra para não entrar na distribuição entre os herdeiros”, explicou o advogado Isaias Dini que atua na causa de Carina.

Assim que terminar o recesso do judiciário, a defesa deve ingressar com ação na Justiça do Mato Grosso pedindo a nulidade dessas transferências de cotas das empresas.

Uma perita em análise documental e grafotécnica foi contratada. O laudo concluiu que as assinaturas das alterações de contrato social não batem com outras mais antigas. Há ainda duas assinaturas, em curto intervalo de tempo, em que a primeira é “tremida, por conta do Parkinson” e a outra “perfeita” assinada poucos dias depois. “Será que ele foi curado nesse meio tempo?” questiona o advogado.

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Os integrantes da família Maggi que atuam nos negócios responderam que não irão comentar o assunto, reservando-se a tratá-lo somente na esfera judicial.

 

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