* POR ALEXANDRE GOSSN

As fraquezas viris

O ‘azarão’, o ‘idoso’, o ‘fracote eleitoral’ exibe uma “virilidade”que os eleitores de Pablo Marçal esperavam dele e não da sua vítima de bullying

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Datena arremessa cadeira em Pablo Marçal durante debate – Crédito: Reprodução

A expansão de direitos e a busca por igualdade que marcam as últimas décadas, na tentativa de mitigar as assimetrias jurídicas, sociais, econômica, políticas e raciais causa reações extremadas e um setor específico da sociedade. E que setor é este?

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Geralmente, brancos, das classes C e D, e que em países que passaram por processo de colonização e sentiam ligeiramente acima dos negros e povos tradicionais, como das mulheres e comunidade LGBT+.

Pablo Marçal sabe disso.

E sentiu que nas eleições para prefeito em São Paulo, uma grande parte do eleitorado é composta por esse segmento demográfico. Claro que existem outros recortes, mas este recorte geralmente também está associado à repulsa generalizada que o eleitor médio tem sentido da política.

O ex-coach fez então o movimento de pinça: uniu o discurso anti sistema a uma retórica verborrágica de enaltecimento à própria macheza. Da medalha de imbrochável que recebeu do ex-presidente e antigo aliado, aos elogios que concede a si próprio, bem como ao se apresentar como empresário de sucesso com toques de Midas, Pablo Marçal se vende como alguém infalível. Jovem, rico, saudável e e ainda que se permite fazer bullying com os adversários.

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Existe um cálculo aí. Ele sabe que uma parte importante do eleitorado aplaude isso.

Mas deveria ter sido mais cuidadoso.

Ele decide atacar o mais velho dos candidatos, com a saúde mais debilitada deles e que tem menos da metade das suas intenções de votos. Fulmina o adversário com impropérios que em qualquer bar “risca faca” teria terminado em chacina. E o que acontece?

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O azarão, o idoso, o fracote eleitoral exibe uma “virilidade”que os eleitores de Pablo Marçal esperavam dele e não da sua vítima de bullying. A reação do ex-coach foi ainda pior: fez uma baita cena e soou como um cara que não consegue se defender de um senhor doente de 70 anos. E que ainda fica chorando na enfermaria.

Se as eleições na democracia capitalista são reflexo de um mercado e os candidatos não passam de produtos, Marçal desvalorizou a si mesmo no único item que entregava para o seu público: há fraqueza na sua virilidade.

 * Alexandre Gossn é escritor e Mestre em Direito

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** Este texto não reflete a opinião de Perfil Brasil 

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