Chuva preta em São Paulo e Paraná: É hora de se preocupar?

Entenda o fenômeno da chuva preta que está ocorrendo em partes do Brasil, como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul

Chuva preta em São Paulo e Paraná: É hora de se preocupar?
Chuva preta em São Paulo e Paraná: É hora de se preocupar? – Créditos: Airton Fernandes

Os moradores de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, e partes do Mato Grosso do Sul e do Rio de Janeiro podem testemunhar um fenômeno natural raro: a chuva preta. No Rio Grande do Sul, esse sismo climático já mostrou suas primeiras aparições, intrigando a população. Além disso, registros recentes no Paraná mostram que a água da chuva apresentava uma cor escura, quase preta.

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Mas o que exatamente é a chuva preta? Você não está sozinho se essa pergunta passou pela sua cabeça. Esse fenômeno tem sido motivo de uma série de especulações e sustos entre os brasileiros, sobretudo em um período onde os incêndios florestais têm se intensificado. Vamos descobrir mais sobre isso.

O que é a chuva preta?

A chamada chuva preta é essencialmente composta por fuligem, resultado direto dos extensos incêndios que ocorrem no país. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o mês de agosto de 2024 registrou o maior número de incêndios florestais nos últimos dez anos. Esses incêndios consomem matéria orgânica como árvores e plantas, liberando diversos gases, como dióxido de carbono e monóxido de carbono, no processo.

De acordo com Karla Longo, pesquisadora e monitora da fumaça no Inpe, o resultado desse consumo de matéria orgânica são partículas minúsculas de fuligem, as quais se suspenderam na atmosfera. Essas partículas então penetram nas nuvens, transformando-se em chuva escura quando misturadas com a água.

É possível a chuva preta ser ácida?

Uma dúvida comum é se a chuva preta pode também se transformar em chuva ácida. A resposta é que não necessariamente. A fuligem, sozinha, não altera a acidez da água. “O que estamos observando nessa chuva preta são simplesmente partículas de matéria orgânica queimada,” explica Karla Longo. Portanto, a fuligem por si só não torna a água ácida.

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No entanto, o meteorologista Giovani Dolif do Centro Nacional de Desastres Naturais (Cemaden) alerta que essa chuva poderia se tornar ácida se em contato com outros poluentes como dióxidos de enxofre (SO2) e nitrogênio (NO2). Estes gases, quando misturados com a água, se transformam em ácidos.

A chuva preta é prejudicial à saúde?

Há uma preocupação compreensível sobre os possíveis riscos da chuva preta à saúde pública. Segundo especialistas, a simples exposição da pele a essa chuva não é prejudicial. Gilberto Collares, professor de Engenharia Hídrica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), esclarece que a queima de matéria orgânica, como árvores e folhas, causa essa chuva, minimizando os riscos.

Contudo, a situação seria diferente se a chuva preta fosse composta por resíduos industriais tóxicos. Isso poderia resultar em uma chuva ácida, significativamente mais perigosa. Assim, a recomendação para aqueles que coletam água da chuva para uso doméstico é evitar o consumo direto dessa água, seja para beber, cozinhar ou para contato prolongado com a pele.

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A chuva negra pode trazer alívio para a seca?

A chegada da frente fria e das chuvas, embora negras, pode ser um alívio após extensos períodos de estiagem em várias partes do país. De acordo com dados do Cemaden, algumas cidades estão sem registros de chuva há mais de 120 dias. Nos estados onde a frente fria está prevista, como São Paulo e Mato Grosso do Sul, a ausência de chuva predomina há pelo menos 90 dias.

Porém, os meteorologistas indicam que esta frente fria não será intensa e permanecerá em ação até quarta-feira, dia 18 de setembro de 2024. Portanto, a quantidade e a duração dessas chuvas serão observadas com atenção para possíveis mudanças nas concentrações de poluentes e efeitos sobre o meio ambiente e a saúde da população.

  • Composição da chuva preta: resultante de fuligem de queimadas florestais.
  • Potencial para acidez: depende da presença de poluentes adicionais na atmosfera.
  • Risco à saúde: minimizado, pois é composta por matéria orgânica queimada.
  • Recomendações: evitar o uso de água coletada da chuva para consumo doméstico.
  • Impacto na seca: possibilidade de alívio em regiões de longa estiagem.

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