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Damares Alves: “O Marajó pede socorro e não é de hoje”

Senadora comenta repercussão da música “Evangelho de Fariseus” que viralizou na voz da cantora Aymeê Rocha, denunciando que há exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó

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Canção denuncia exploração sexual de crianças em Marajó – Crédito: Reprodução

A senadora Damares Alves (PL) comentou a repercussão da música que traz a denúncia da exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó, mo Pará.

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Por meio de nota enviada à redação de Perfil Brasil ela lembrou como tomou conhecimento dos abusos que ocorriam na região: “Os primeiros contatos que tive sobre a situação do Marajó foram no início dos anos 2000 na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Depois em 2010, eu era assessora parlamentar na Câmara Federal e acompanhei a CPI sobre o Tráfico de Pessoas. Foi quanto conheci Dom Azcona, que como eu era ativista e, sozinho, denunciava os casos que ocorriam na região.”

Segundo a senadora, eram muitos os relatos de crianças que subiam nos barcos para serem abusadas em troca de óleo diesel, em troca de comida ou de míseros trocados. “Elas se arriscavam nesse processo e tudo isso acontecia à luz do dia”, relata.

O assunto veio à tona após a cantora Aymeê Rocha entoar a música autoral “Evangelho de fariseus” na semifinal do programa Dom reality, competição musical entre artistas do universo gospel, com transmissão no YouTube.

“Marajó é uma ilha a alguns minutos de Belém, minha terra. E lá tem muito tráfico de órgãos. Lá é normal isso. Tem pedofilia em nível hard. As crianças de 5 anos, quando veem um barco vindo de fora com turistas (a jovem se interrompe)… Marajó é muito turístico, e as famílias lá são muito carentes. As criancinhas de 6 e 7 anos saem numa canoa e se prostituem no barco por R$ 5”, contou a jovem  aos jurados, após emocionar a todos com a apresentação.

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Damares conta o que achou da apresentação da jovem: “Creio que o mais importante a destacar é que não conhecia a cantora Aymeê até assistir ao vídeo da apresentação dela. Fiquei tocada. Aquela voz tão doce falando de coisas que tocam tanto nossos corações. E ela é de Belém, ali da região. Ela sabe do que está falando. Combater o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes é a luta de uma vida para mim”.

Logo que assumiu a pasta, em 2019, Damares divulgou o programa Abrace o Marajó, que tinha como objetivo implantar programas sociais para reduzir a fome na Ilha de Marajó.

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“Quando virei ministra de Direitos Humanos coloquei como missão acabar com aquilo tudo. E estive lá dezenas de vezes para ouvir o povo e entender o que acontecia ali. Todo mundo culpava a pobreza e a distância das instituições de Estado.
E nossa resposta foi criar um programa, o Abrace o Marajó, para unir governos e a sociedade civil para a melhoria do IDH da região. Realizamos, sim, ações pontuais para socorro da população, com o envio de cestas básicas. Enviamos a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos no barco da Caixa Econômica Federal para receber denúncias e cobrar das autoridades locais. Tínhamos grandes planos e tornamos nossa ação em um programa instituído por decreto.
Mas aí veio a pandemia, e praticamente todos os recursos que havíamos previsto para a região foram transferidos para o combate à doença e suas consequências. Ficou essa sensação de missão não cumprida. E que só aumentou quando o Lula e o ministro cancelaram o programa.”

A ex-ministra afirma que ainda hoje ouve relatos de abusos na região: “Isso me parte o coração e espero, sinceramente, que esta música acorde nossa sociedade, acorde o Brasil. Para que quem denuncia os abusos na região não seja silenciado. Para que as instituições dediquem menos tempo com a polarização política e na perseguição a supostos adversários, e estejam mais engajadas em apresentar respostas concretas a este problema. O Marajó pede socorro e não é de hoje. Que dessa vez as pessoas sejam verdadeiramente compelidas a agir ao ouvir o choro silencioso das crianças.”

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