A ex-ministra do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos), afirmou em um culto da igreja Assembleia de Deus Ministério da Fama que descobriu que “crianças brasileiras de três, quatro anos, quando cruzam as fronteiras sequestradas, [têm] os seus dentinhos arrancados para elas não morderem no sexo oral”. O culto aconteceu no último sábado (8).
Após a declaração de Damares, o Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) abriu um inquérito e pediu explicações ao Ministério da Mulher sobre as violências citadas pela ex-ministra, e as ações que a pasta tomou para combater estes crimes hediondos.
As afirmações de Damares Alves não foram embasadas por provas e também não foram divulgadas pelo ministério por meio de seus canais oficiais. Além do MPF, a deputada federal Erika Hilton (PSOL) também entrou com uma ação contra Damares na Procuradoria-Geral da República (PGR). Em entrevista ao UOL News, Erika disse que não acredita integralmente no relato da ex-ministra e que procurará apurar, se o caso for verdadeiro, os motivos da prevaricação.
“Parece mais uma sanha eleitoral bolsonarista. (…) Não me parece que a ex-ministra tenha se deparado com essa imagem, mas, se porventura tenha presenciado os horrores que relatou e nada fez para impedir essa violência, ela também cometeu um crime e precisa ser investigada”, disse a deputada.
Em nota divulgada nesta terça-feira (11), o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos afirmou que as afirmações de Damares se baseiam “em inúmeros inquéritos já instaurados que dão conta de uma série de fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes”.
AGORA: MPF solicita ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos informações sobre suposto tráfico, abuso e estupros de crianças na Ilha de Marajó-PA. Denúncias foram feitas por Damares Alves em uma igreja evangélica. MPF quer saber quais ações foram tomadas sobre o caso.
— Renato Souza (@reporterenato) October 10, 2022