Jhose Campos Alves, de 45 anos, foi indiciada pela Polícia Civil e denunciada pelo Ministério Público com dezenas de vítimas e prejuízo superior a R$ 1 milhão. Na casa onde a acusada estava, polícia apreendeu quadros e peças de decoração. A prisão de Jhose ocorreu em 7 de dezembro em uma mansão na Ilha do Boi, bairro nobre de Vitória. Durante a operação, móveis, itens de decoração, roupas e 13 telas de pintura foram apreendidos na residência.
A Polícia Civil revelou que Jhose é suspeita de realizar compras com cheques sem fundo ou alegando falta de crédito no cartão, para depois afirmar enfrentar problemas financeiros e a impossibilidade de pagamento. Essa tática permitiu que ela tivesse acesso aos produtos encontrados em sua residência. A polícia estima que mais de 30 vítimas estejam envolvidas nos crimes, abrangendo diversas localidades em Vitória, como Praia do Suá, Santa Helena, Santa Lúcia, Santa Luíza, Praia do Canto, Ilha do Frade, Ilha do Boi e Barro Vermelho.
Além disso, há uma investigação em curso no 7º Distrito Policial de Vila Velha, apurando possíveis crimes cometidos por ela quando residia na Ponta da Fruta. Suspeita-se também de atividades ilícitas no estado de origem e na Bahia.
Em entrevista à Rede Gazeta, o advogado da ré, Marcos Giovani Correa Felix, informou que “a conduta dela se amolda melhor ao desacordo comercial. Estelionato é quando a pessoa engana a vítima, mas a Jhose compra, paga uma entrada, algumas parcelas, e não consegue terminar de pagar. É um desacordo comercial”
“Há indícios suficientes da gravidade da conduta supostamente praticada pela acusada, no sentido de que ela, com intuito de obter para si, vantagem indevida e ilícita, em prejuízo alheio, induziu as vítimas em erro, mediante artifício e meio fraudulento, adquiriu diversos produtos, bens e serviços, sob alegação de que faria o pagamento posteriormente, o que não era realizado, se apropriando desses itens e guardando-os em sua residência”, diz a decisão assinada pelo juiz Luiz Guilherme Risso, da 2ª Vara Criminal de Vitória.
Transtorno psicológico
A mulher, que se apresentava nas redes sociais como Josi Grand ou Josi Grand Buaiz e diz pertencer a famílias tradicionais do Espírito Santo, alega sofrer de ‘oniomania’, um transtorno caracterizado por compras descontroladas. O advogado destaca que ela iniciou tratamento psiquiátrico, interrompido após a prisão, e argumenta que as ações praticadas por Jhose não se enquadram como estelionato, pois as supostas vítimas não realizaram consulta de crédito, levantamento de CPF ou contrato de compra e venda.
Marcos Felix falou também sobre ter tentado usar os problemas de saúde da acusada para reverter a prisão: “Ela é diabética, fez bariátrica, tem problemas de coração e de pressão alta. No presídio, ela já teve três episódios de crises de hipertensão. Também sofre com problemas na coluna e toma remédios controlados. Precisa de atenção para a sua saúde. E como foi mantida presa, solicitei ao juiz que o presídio comprove que ela está recebendo o atendimento médico adequado”
O advogado alegou também que o perfil da ré nas redes sociais foi criado por um funcionário dela: “Na brincadeira, ele utilizou um nome e, posteriormente, ela tentou mudar, mas as redes sociais exigem um prazo para a troca, o que acabou não acontecendo”.
“As pessoas vendem por confiança, ela consegue satisfazer a compulsão dela e depois não consegue pagar. É um desacordo comercial”, finalizou Felix.
* Sob supervisão de Lilian Coelho