Uma grande quantidade de peixes, principalmente savelhas, apareceu boiando na Lagoa de Marapendi e no Canal das Taxas, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. A lagoa integra o Sistema Lagunar de Jacarepaguá, que joga diariamente milhões de esgoto in natura no meio ambiente. O biólogo Mário Moscatelli, que atua há 30 anos no combate ao sedimento jogado diariamente na lagoa disse que “décadas de descaso com o saneamento urbano e o crescimento desordenado de imóveis na região atingem as espécies mais vulneráveis, que são as savelhas”.
Os peixes tomaram totalmente a Lagoa de Marapendi e o Canal das Taxas. Os moradores dos prédios nas proximidades da lagoa já estão sentindo o forte mau cheiro da mortandade dos peixes, devido ao forte calor que faz no Rio.
A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) informou que “apesar de a remoção de peixes mortos na Lagoa de Marapendi e no Canal das Taxas estar fora da área de atuação da companhia, uma equipe com 20 garis iniciou na tarde desta sexta-feira (13) o recolhimento dos peixes que encostam nas margens, com puçás. Vale ressaltar que a responsabilidade pela gestão ambiental da Lagoa de Marapendi é do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Comlurb faz a remoção apenas quando os resíduos chegam às areias das praias”.
O Inea informou, por meio de nota, que realizou vistoria no Canal de Marapendi para atender denúncia de mortandade de peixes. Foram coletadas amostras de qualidade de água do Canal e encaminhadas para o laboratório do Inea para emissão de um parecer conclusivo sobre as causas da mortandade.
O instituto disse ainda que “o fenômeno observado provavelmente foi ocasionado, como já ocorrido nesse mesmo período do ano, pela queda na oxigenação da água, associada à alta temperatura do ambiente e o carreamento de matéria orgânica no corpo hídrico em função das chuvas ocorridas nos últimos dias”.
O caso se repete
Em março do ano passado, a Comlurb também chegou a recolher 1,5 tonelada de peixes nas lagoas e nas praias dos Amores e da Barra, perto do Quebra-Mar. O número indica acentuada mortandade de peixes e crustáceos nas lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca, na zona oeste do Rio.
Na época, o biólogo Mário Moscatelli reforçou que o fenômeno acontece por causa do lançamento contínuo de esgoto, pouca variação de maré e pelo calor intenso.
O biólogo informou que a junção da maré quadratura, que é quando não sobe e nem desce o nível da água, o calor intenso e a quantidade de esgotos, resulta na liberação dos gases sulfídrico e metano e provoca o sufocamento dos peixes e crustáceos. “A situação hoje é dramática. Tudo que precisa de oxigênio dentro da coluna d’água está sufocando”, alertou.
Ele acrescentou também que nesse período de quadratura a mudança da água é baixa, e por isso a parte que estava podre não foi renovada. “Você vê siri, peixe, camarão – todo mundo tentando respirar fora d’água”, completou.
Siga a gente no Google NotíciasA limpeza aconteceu nas praias da Moreninha, José Bonifácio, São Roque, Imbuca, entre outras.
O trabalho continua! 💪🧹#Comlurb2023 #PrefeituraRIO23 #Garis #Gigoga pic.twitter.com/OPGCbcG45i— COMLURB (@comlurbcomunica) January 11, 2023