
Uma idosa viveu 72 anos em situação de exploração no Rio de Janeiro. O caso foi o mais longo de situação análoga à escravidão registrado no Brasil, segundo o Ministério do Trabalho. A mulher de 85 anos foi resgatada há dois meses, após uma denúncia anônima. O órgão informou que a idosa trabalhou a vida inteira para a mesma família, sem receber salários e benefícios.
Para o G1, a assistente social e diretora do centro de recepção de idosos, Cristiane Lessa, relatou “Ela não tem a noção que ela foi escravizada. Ela não tem. Ela não tem noção alguma disso”. Desde o dia 15 de março, quando foi resgatada, a idosa está aos cuidados da Prefeitura do Rio. A senhora, que não teve sua identidade revelada, perdeu o contato com seus familiares, não casou e não teve filhos.
A mulher foi resgatada após uma denúncia feita ao Ministério do Trabalho, que foi até a residência, na Zona Norte da capital fluminense. Ela trabalhava como cuidadora da dona da casa e dormia em um sofá, na entrada do quarto principal. Segundo o órgão, após 134 anos da Abolição da Escravatura, casos como o dela não são raros.
Em entrevista ao G1, o auditor fiscal do trabalho, Alexandre Lyra, contou que a senhora era absolutamente submissa. “Essa senhora, que os empregadores alegam que é da família e não é, fica absolutamente submissa. O empregador que fala por ela. Qualquer resposta que a gente solicita dela, é o empregador que responde. Os documentos dela não estão de posse dela mesma. O empregador que tem esses documentos”.
Mesmo com a existência dos direitos dos trabalhadores, no ano passado, o Brasil registrou o maior número de pessoas resgatadas em condição análoga à escravidão desde 2013. Foram 1.937 brasileiros retirados de situações degradantes.
Abolição da escravidão
No dia 13 de maio é marcada a abolição da escravidão no Brasil. Nas redes sociais diversas pessoas falaram sobre o assunto e comentaram sobre o caso da idosa, escravizada durante 72 anos.
Dentre várias pessoas, políticos como a deputada federal, Talíria Petrone (PSOL-RJ) e o deputado federal, Alencar Braga (PT-SP) se manifestaram.
A professora de história e deputada federal, Talíria Petrone (PSOL-RJ), fez uma publicação em suas redes sociais sobre o caso.
A notícia estarrecedora de uma mulher negra resgatada após 72 anos de trabalho análogo à escravidão, no Rio, é o retrato de um país que hoje lembra a falsa abolição. E de um país construído nas bases do racismo estrutural. 2022 e ainda temos situações como essa. Revoltante!
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) May 13, 2022
O deputado federal, Alencar Braga (PT-SP), também expressou sua opinião.
Brasil, 13 de maio de 2022.
“Idosa é resgatada no Rio após 72 anos em situação análoga à escravidão”
E tem gente que chama a luta por igualdade racial e por respeito aos direitos humanos de mimimi pic.twitter.com/zrH3jUSPGu
— Deputado Alencar com #Lula13 (@AlencarBraga13) May 13, 2022