Moradores da cidade de Seropédica, na Baixada Fluminense, testemunharam novamente um conflito entre milícias rivais. Nesta ocasião, às cerca de 15h30 da última segunda-feira (8), criminosos vestidos de policiais, vestindo balaclavas e coletes à prova de balas, corriam entre carros e pedestres no centro da cidade, em uma operação que, após investigações, se tratava de uma emboscada contra uma facção rival.
A Polícia Militar foi acionada e, durante a operação, apreendeu três armas de fogo e uma granada, além de prender duas pessoas envolvidas no tiroteio. Um estudante da UFRRJ foi morto após ser baleado. Além disso, uma mãe e suas duas crianças, uma de três anos e outra de um, direcionaram-se ao hospital com ferimentos.
Desde a morte do chefe da milícia que controla a cidade, assim como parte de Nova Iguaçu, conflitos armados entre facções rivais vêm crescendo em número e intensidade.
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— Alfajr (@Alfajr84rj) April 9, 2024
A milícia em Seropédica
O último tiroteio é só mais um na crescente tensão na região. A morte de Tauã de Oliveira Francisco, o Tubarão, comandante da facção de Seropédica, durante uma operação da Polícia Civil em Nova Iguaçu em fevereiro, teria agravado a fricção entre quadrilhas rivais. Tubarão era considerado rival do chefe da maior milícia do Rio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, preso desde dezembro de 2023.
Com os dois cabeças fora de cena, o conflito criminosos quase anárquico tomou conta de regiões do estado. Facções rivais, como a milícia de Itaguaí, começaram a disputar territórios, aproveitando o enfraquecimento dos grupos vigentes. Após o ataque, há a defesa. Como resposta, milicianos de Seropédica conduziram operações de retaliação. E, assim, o ciclo continua.
Desde a prisão de Zinho, cinco criminosos ligados ao alto escalão da atividade miliciana morreram. Além de Tubarão, seu substituto, Ricardo Coelho da Silva, o Cientista, foi vítima de uma emboscada na Zona Oeste da capital fluminense, em março. A polícia ainda investiga quem exatamente está envolvido nas operações milicianas para tomar o controle do território.
Vítimas do último ataque
O conflito da última segunda-feira tirou a vida de Bernardo Paraíso, aluno de Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural (UFFRJ). O estudante de 24 anos estava em um mercado, na Avenida Ministro Fernando Costa, quando foi atingido por uma bala e morreu na hora. A faculdade emitiu um comunicado lamentando o falecimento e anunciou a suspensão das aulas noturnas de 8 de abril.
Adicionalmente, Rosiane Claudino de Freitas, de 34 anos, e seus dois filhos foram encaminhados para o Hospital Municipal Pereira Nunes, em Duque de Caxias, com ferimentos. Ela apresentava hematomas na perna esquerda e seu filho, de um ano, foi atingido no joelho, porém, exames apontaram mínima gravidade. Sua irmã, entretanto, já encontra-se em um estado mais delicado. Um projétil penetrou a vértebra C4 da coluna vertebral da menina, além de encontrarem uma bala na região do tórax, porém, sem ter danificado nenhum órgão vital. Ela está na CTI do estabelecimento e deve se submete, em breve, a uma cirurgia de correção de seu braço esquerdo, por onde a bala entrou.