jararacas

Biólogo pisa em cobras para pesquisar seus ataques

Este estudo ampliou consideravelmente nosso entendimento sobre por que essas serpentes peçonhentas, comuns na América do Sul, atacam os humanos com frequência

Este estudo ampliou consideravelmente nosso entendimento sobre por que essas cobras peçonhentas atacam os humanos com frequência
Este estudo ampliou consideravelmente nosso entendimento sobre por que essas cobras peçonhentas atacam os humanos com frequência – Crédito: Canva Fotos

A pesquisa revolucionária do biólogo brasileiro João Miguel Alves Nunes, que envolveu a análise do comportamento de mais de 100 jararacas, foi destaque na renomada revista científica Nature. Este estudo ampliou consideravelmente nosso entendimento sobre por que essas cobras peçonhentas, comuns na América do Sul, atacam os humanos com frequência, respondendo por cerca de 20 mil incidentes por ano.

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A princípio, João Miguel desenvolveu um procedimento menos invasivo, em que ele não só caminhou próximo aos répteis como chegou a pôr parcialmente seu peso sobre eles, usando botas especiais de proteção. “Eu pisei perto das cobras e também levemente em cima delas, e posso afirmar que não machuquei os animais durante o processo”, explicou o biólogo. Seu método de pesquisa proporcionou insights sobre a reatividade das jararacas.

Quais os principais achados do estudo sobre as cobras?

O estudo revelou que as jararacas têm uma probabilidade maior de morder quanto menor for o seu tamanho. Além disso, as fêmeas mostraram-se mais frequentemente agressivas do que os machos, uma tendência que é especialmente marcante em indivíduos jovens e durante as horas diurnas. Curiosamente, o comportamento de mordida destes animais também era mais frequente em condições climáticas mais quentes, destacando o papel da temperatura na atividade das serpentes.

Ainda assim, João acredita que, com estes dados, é possível melhorar as estratégias para prevenir picadas de cobras no Brasil. “Agora podemos prever de forma mais eficaz onde as picadas são mais prováveis e organizar uma distribuição mais inteligente do veneno”, afirmou. Integrando esses dados aos já existentes sobre a distribuição geográfica das cobras, é possível identificar zonas de risco prioritárias para atenção.

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Durante a pesquisa, embora as jararacas não tenham conseguido perfurar suas botas protetoras, João sofreu uma mordida de uma cascavel em outro experimento, o que o levou a descobrir sua alergia ao veneno. Apesar deste revés pessoal, ele não se desmotivou, transformando o desafio em uma oportunidade de pesquisa adicional. Assim, passou a pesquisar sobre a resistência de diferentes materiais aos ataques de serpentes.

O que isso significa para as futuras pesquisas sobre serpentes peçonhentas?

A abordagem usada por João Miguel exemplificam como métodos inovadores podem transformar nosso entendimento e manejo de riscos relacionados à fauna local. Seu trabalho não somente aprofunda a ciência por trás das mordidas de serpentes como também paveja o caminho para melhorias significativas na saúde pública.

  • Menor tamanho das jararacas aumenta a frequência de mordidas.
  • Fêmeas e indivíduos jovens são particularmente mais agressivos.
  • Temperaturas mais altas elevam a probabilidade de incidentes.
  • O estudo auxilia em estratégias de prevenção e distribuição de anti-venenos.

Dessa forma, espera-se que menos pessoas sofram com as consequências, muitas vezes graves, dos encontros indesejados com essas serpentes peçonhentas. A ciência, através de pesquisas como a de João, mostra-se uma ferramenta indispensável no enfrentamento de desafios naturais.

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