
A espaçonave Cassini, da Nasa, investigou Saturno e suas luas por 13 anos. Até hoje, os dados coletados continuam a ser estudados, incluindo novos detalhes sobre os mares de Titã, a segunda maior lua do Sistema Solar. Ela é um dos lugares mais promissores na busca por vida fora da Terra.
Titã, envolta em uma névoa alaranjada, é a única estrela além da Terra a apresentar mares líquidos na superfície, compostos principalmente de metano e etano, ao invés de água. A última análise dos dados da Cassini revela informações sobre a composição e dinâmica desses mares.
Os estudos focaram em três grandes mares perto do polo norte da lua de Saturno: Kraken Mare, Ligeia Mare e Punga Mare. Kraken Mare é o maior, com uma área comparável ao Mar Cáspio da Eurásia. Ligeia Mare, o segundo maior, é similar em tamanho ao Lago Superior da América do Norte, enquanto Punga Mare equivale aproximadamente ao Lago Vitória, na África.
Por que a lua de Saturno tem chances de vida?
Com um diâmetro de 5.150 quilômetros, Titã é maior que o planeta Mercúrio e apresenta um sistema hidrológico baseado em metano que opera de forma muito semelhante ao ciclo da água na Terra.
As observações indicam que as nuvens lançam metano líquido, o qual flui em rios, acumulando-se nos mares e evaporando de volta para a atmosfera. “Titã é um mundo semelhante à Terra com paisagens moldadas por um ciclo hidrológico de metano, operando em uma atmosfera densa de nitrogênio”, afirmou Valerio Poggiali, engenheiro da Universidade de Cornell e cientista, principal autor do estudo publicado na revista Nature Communications.
Os mares da lua, ricos em metano no polo norte e com variações de etano dependendo da latitude, mostram correntes de maré ativas e uma superfície mais rugosa perto dos estuários. Isso sugere a presença de um sistema dinâmico, reforçado pela gravidade de Saturno, que influencia as marés de Titã, apesar de serem mais lentas comparadas à Terra.
Titã possui condições potencialmente favoráveis à vida, incluindo um vasto oceano subterrâneo de água líquida. As moléculas orgânicas pesadas presentes na atmosfera da lua de Saturno são pré-bióticas e podem interagir com a água líquida, processo semelhante ao que poderia ter levado ao surgimento da vida na Terra.
A lua de Saturno, Titã, capturada pelo Telescópio Espacial James Webb pic.twitter.com/1MGJBN1Zuj
— Astronomiaum (@Astronomiaum) July 28, 2023