Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

Relatório da ONU ressalta urgência na tomada de medidas para “garantir um futuro sustentável”

O documento, reconhecido mundialmente como a fonte mais confiável de informações sobre as mudanças do clima, não traz novos estudos e sim um resumo final do conteúdo dos seis últimos relatórios elaborados pelo painel.

Relatório da ONU mostra que ainda é possível impedir o aquecimento global
Segundo os atuais cálculos do IPCC, para chegar lá, é preciso reduzir as emissões globais pela metade até 2030 [48%] e até 99% até 2050 (Crédito:Sean Gallup/Getty Images)
O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU) divulgou, nesta segunda-feira (20), um relatório que resume as atuais avaliações sobre o aquecimento global provocado pelo homem.

Os cientistas alertaram no documento que ainda há esperança para a ação global frente à estabilização da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, por mais que muito ainda precise ser feito para evitar o colapso climático do nosso planeta.

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O documento, reconhecido mundialmente como a fonte mais confiável de informações sobre as mudanças do clima, não traz novos estudos e sim um resumo final do conteúdo dos seis últimos relatórios elaborados pelo painel.

“Este Relatório Síntese ressalta a urgência de tomar medidas mais ambiciosas e mostra que, se agirmos agora, ainda podemos garantir um futuro sustentável habitável para todos”, afirmou o presidente do IPCC, Hoesung Lee.

“A integração de ações climáticas efetivas e equitativas não apenas reduzirá perdas e danos à natureza e às pessoas, mas também proporcionará benefícios mais amplos”, acrescentou Lee.

Entre as principais conclusões do relatório, foi pontuado que existem várias opções viáveis e eficazes para nos adaptarmos às mudanças climáticas e reduzirmos globalmente as emissões de poluentes.

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Entretanto, o IPCC também relembrou que o desafio continua cada vez maior, já que as demandas vistas como fundamentais para que o aquecimento do planeta não ultrapasse o limite de 1,5°C até o fim do século vêm sendo implementadas num ritmo considerado “insuficiente” pelos membros do painel.

Segundo os atuais cálculos do IPCC, para chegar lá, é preciso reduzir as emissões globais pela metade até 2030 [48%] e até 99% até 2050. “A humanidade está num gelo fino – e esse gelo está derretendo rapidamente”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres. “Nosso mundo precisa de ação climática em todas as frentes – tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo”, acrescentou ele.

Principais conclusões

  • O uso de combustíveis fósseis está impulsionando de forma esmagadora o aquecimento global;
  • A temperatura global da superfície aumentou mais rapidamente desde 1970 do que em qualquer outro período de 50 anos durante os últimos 2000 anos;
  • Para manter o aquecimento em 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas de forma profunda, rápida e sustentável em todos os setores;
  • Para chegar lá, segundo os atuais cálculos do IPCC, precisamos reduzir as emissões globais pela metade até 2030 [48%] e até 99% até 2050;
  • Os atuais níveis de financiamento para o clima são altamente inadequados, e ainda pesadamente ofuscados pelos fluxos financeiros para as energias fósseis;
  • A mudança climática reduziu a segurança alimentar e afetou a segurança da água, e os eventos de calor extremo estão aumentando as taxas de mortalidade e doenças;
  • Apesar da crescente conscientização e criação de políticas, o planejamento e a implementação da adaptação estão ficando aquém do necessário;
  • Para que o nosso mundo seja sustentável e igualitário, precisamos tomar as medidas certas agora;
  • Um futuro resiliente e habitável ainda está disponível para nós, mas as ações tomadas nesta década para produzir cortes de emissões profundos, rápidos e sustentados representam uma janela rapidamente estreita para a humanidade limitar o aquecimento a 1,5°C com mínimo ou nenhum excesso.
Na COP27, a última conferência do clima da ONU, o documento final da reunião contemplou, pela primeira vez, uma resolução sobre um tipo de financiamento climático a países vulneráveis à crise do clima. Esse documento é assinado pelos mais de 200 países-membros.
Entretanto, ele não apresentou avanços sobre o uso dos poluentes combustíveis fósseis e nem colocou um limiar no pico de emissões globais de gases de efeito estufa até 2025, duas demandas vistas como fundamentais para que o aquecimento do planeta não ultrapasse o limite de 1,5°C.

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